Exportações de carnes e café do Brasil para os EUA despencam após tarifaço
China mantém liderança na carne bovina, enquanto Alemanha supera Estados Unidos no café
As exportações brasileiras sentiram o impacto imediato do tarifaço dos Estados Unidos em agosto de 2025.
O Brasil embarcou 299,4 mil toneladas de carne bovina, com receita de US$ 1,60 bilhão, e 3,144 milhões de sacas de café, movimentando US$ 1,101 bilhão.
Enquanto a carne bovina avançou no mercado global, puxada pela China, que comprou mais da metade do volume, o café teve queda de 17,5% nas exportações e viu a Alemanha assumir a liderança nas compras, ultrapassando os norte-americanos.
Exportações de carne bovina: China em alta, EUA em queda
O Brasil exportou 299,4 mil toneladas de carne bovina em agosto, crescimento de 20,7% em relação ao mesmo mês de 2024 (248,0 mil t) e o segundo maior volume da série histórica, atrás apenas de julho deste ano (313,6 mil t).
A receita atingiu US$ 1,60 bilhão, alta de 49,8% na mesma comparação.
A China manteve a liderança absoluta, respondendo por 161,0 mil toneladas (53,7% do total) e US$ 894 milhões, avanço de 48,1% em relação a agosto de 2024.
Rússia (14,2 mil toneladas; US$ 65 milhões), México (13,3 mil toneladas; US$ 75,4 milhões), Chile (12,0 mil toneladas; US$ 67,6 milhões) e União Europeia (11,2 mil toneladas; US$ 93,2 milhões) completaram os cinco principais destinos no mês.

carne
Os Estados Unidos, por sua vez, importaram apenas 9,3 mil toneladas (US$ 64,4 milhões), queda de 51,1% frente ao mesmo período do ano passado (19,1 mil toneladas).
Apesar do recuo mensal, no acumulado de janeiro a agosto o país segue como segundo maior destino, com 209,1 mil toneladas e US$ 1,22 bilhão, alta de 71,5% em relação a 2024 (121 mil t; US$ 725 mi).
No total de janeiro a agosto, o Brasil exportou 2,08 milhões de toneladas de carne bovina (+15% ante 1,81 milhão de toneladas em 2024), com receita de US$ 10,51 bilhões (+32,9% sobre US$ 7,91 bilhões).
A China lidera o acumulado com 962,8 mil toneladas e US$ 5,0 bilhões, seguida por Estados Unidos (209,1 mil toneladas; US$ 1,22 bilhão), Chile (81,3 mil toneladas; US$ 441 milhões), México (80,9 mil toneladas; US$ 439,7 milhões) e Rússia (74,2 mil toneladas; US$ 317,5 milhões).
Café: Alemanha supera os EUA após tarifaço
O setor cafeeiro também sentiu os efeitos da taxação. Em agosto, o Brasil exportou 3,144 milhões de sacas de 60 kg, queda de 17,5% em relação a 2024 (3,813 mi sacas).
A receita, no entanto, cresceu 12,7%, para US$ 1,101 bilhão, impulsionada pela disparada das cotações internacionais.
cafeexportacao
Com a entrada em vigor do tarifaço em 7 de agosto, os EUA reduziram suas compras para 301 mil sacas, retração de 46% frente a agosto de 2024 e de 26% em relação a julho. Assim, perderam a liderança para a Alemanha, que importou 414 mil sacas no mês.
Segundo o Cecafé, além da menor disponibilidade após uma safra limitada, a medida ampliou a volatilidade e alimentou movimentos especulativos.
O arábica disparou 29,7% na Bolsa de Nova York entre a entrada em vigor do tarifaço e o fim do mês, saltando de US$ 2,978 para US$ 3,861 por libra-peso.
No acumulado de janeiro a agosto, o Brasil exportou 25,323 milhões de sacas (-20,9%), mas obteve receita recorde de US$ 9,668 bilhões.
Os EUA seguem como principais compradores, com 4,028 milhões de sacas (-20,8%), seguidos por Alemanha (3,071 mi; -32,9%), Itália (1,981 mi; -23,6%), Japão (1,671 mi; +15,6%) e Bélgica (1,517 mi; -48,3%).
Entre os tipos de café, o arábica representou 20,209 milhões de sacas (79,8% do total; -13%), o canéfora (robusta+conilon) 2,570 milhões (10,1%), o solúvel 2,508 milhões (9,9%) e o torrado/torrado e moído 36,7 mil sacas (0,1%).
As exportações de cafés diferenciados — certificados por sustentabilidade ou qualidade — somaram 5,1 milhões de sacas (-9,3%), com receita de US$ 2,178 bilhões (+54,2%).
O preço médio foi de US$ 427,05 por saca. Nesse segmento, os EUA lideraram com 893,6 mil sacas (17,5%), seguidos por Alemanha (656,6 mil), Bélgica (579,9 mil), Holanda (428,5 mil) e Itália (332,7 mil).








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