Custo de produção de bovinos confinados segue estável em SP e volta a subir em GO

Alta do milho e da torta de algodão pressiona confinamentos goianos, enquanto propriedades paulistas operam nos menores custos do ano

Custo de produção de bovinos confinados segue estável em SP e volta a subir em GO
Ilustrativa

O Custo de Produção de Bovinos Confinados (ICBC)  mostrou estabilidade nos custos da chamada diária-boi nas propriedades do estado de São Paulo e segunda alta nas de Goiás, refletindo encarecimento dos insumos alimentares.

Os dados referentes a outubro pertencem ao relatório da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP).

A elevação observada em Goiás foi impulsionada pelo aumento nos preços do milho (+11,6 %) e da torta de algodão (+7,8 %), enquanto em São Paulo a estabilidade se deveu à queda em itens como farelo de trigo (–4,6 %) e polpa cítrica (–1,4 %).

Essa diferença estadual reforça como a estratégia de compra e estocagem de insumos é hoje um fator decisivo de competitividade na pecuária confinada.

Para os pesquisadores, muito possivelmente, os sistemas analisados registraram os menores custos de arroba produzida do ano nos últimos três meses — em agosto para Goiás, em setembro para CSPm (média propriedade em São Paulo) e em outubro para CSPg (grande propriedade em São Paulo).

Essa sequência de reduções aponta para o avanço da eficiência operacional, principalmente em São Paulo, e a recuperação gradual dos confinamentos goianos após o pico de custos no primeiro semestre do ano.

Ainda assim, os preços de venda da arroba seguem próximos ou abaixo do custo total, mantendo a margem de lucro sob pressão.

Custo Total

O custo total de produção considera todos os componentes do sistema — nutrição, mão de obra, sanidade, energia, manutenção, depreciação e custo de oportunidade.

Em outubro, as variações positivas nos custos totais foram fortemente influenciadas pela alta no preço do boi magro, que subiu 1,9 % em São Paulo e 3,8 % em Goiás.

Mesmo parecendo estáveis, os custos entre R$ 319 e R$ 329 por arroba exigem atenção. O aumento do boi magro afeta diretamente o capital imobilizado na compra dos animais e, somado à Selic em 15 %, eleva o custo financeiro e o risco da operação.

Conclusão

Os dados do ICBC reforçam que resultado financeiro não depende do mercado, mas da gestão. As reduções em São Paulo evidenciam que há espaço para ganhos de eficiência mesmo em períodos de incerteza, desde que o produtor acompanhe os indicadores, compare desempenhos e ajuste decisões com método.

Quem mensura custos com rigor antecipa cenários, age com clareza e transforma oportunidade em resultado. No fim, vence quem domina os custos — e não quem aposta na sorte.

O levantamento foi feiro por Tayná Ferreira, Bruna Veloso, Júlia Abrahão, Renata de Mori, Thiago Andrade, Gustavo
Sartorello e Prof. Dr. Augusto Gameiro.