China retoma importações de carne de frango do Brasil

País asiático suspende embargo imposto após caso de gripe aviária em maio; Tanzânia também anuncia abertura para aves e suínos brasileiros

China retoma importações de carne de frango do Brasil
Ilustrativa

A China anunciou nesta sexta-feira (7) a retirada do embargo às importações de carne de frango e produtos avícolas do Brasil, imposto em maio após o registro de um caso isolado de gripe aviária em Montenegro (RS).

A decisão, comunicada pela Administração-Geral de Aduanas e pelo Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China, tem efeito imediato e foi tomada “com base nos resultados da análise de risco”, segundo o documento oficial.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou o recebimento da notificação, que ainda passa por análise técnica para confirmar se a liberação é total ou restrita a determinadas regiões. 

O embargo havia sido estabelecido de forma nacional, afetando todas as exportações brasileiras de carne de frango e produtos derivados — um setor no qual o Brasil é o maior exportador mundial e a China, o principal destino. 

Auditoria

Em setembro, uma missão técnica chinesa visitou o Brasil para auditar o sistema de inspeção federal e avaliar as medidas de controle sanitário adotadas após o episódio em Montenegro. Embora o Brasil tenha se declarado livre da doença em junho, após cumprir o vazio sanitário de 28 dias, as restrições chinesas permaneceram até agora. 

O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Luis Rua, comemorou a retomada. 

“A China tem sido o principal destino para a carne de frango brasileira nos últimos anos, e o retorno das exportações demonstra uma vez mais a confiança entre os serviços sanitários e as boas relações entre os dois países”, afirmou. 

De acordo com dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a China foi responsável por 562,2 mil toneladas de carne de frango importadas do Brasil em 2024, consolidando-se como o maior comprador da proteína brasileira.

Tanzânia abre mercado para aves e suínos do Brasil 

A ABPA também celebrou o anúncio do Ministério da Agricultura e Pecuária sobre a abertura do mercado da Tanzânia para produtos de aves e suínos do Brasil. A confirmação foi feita pelo secretário Luis Rua, em evento realizado nesta sexta-feira (7) em Brasília. 

A decisão das autoridades tanzanianas permitirá a exportação de carne e produtos de aves e suínos, ovos férteis e pintos de um dia, além de outros produtos agropecuários brasileiros. A medida amplia a presença nacional no continente africano e reforça a confiança internacional na qualidade sanitária brasileira. 

Com cerca de 70 milhões de habitantes — 63% cristãos e 33% muçulmanos —, a Tanzânia é o quarto país mais populoso da África Subsaariana e deve alcançar 140 milhões de habitantes até 2050, segundo projeções das Nações Unidas. O turismo representa mais de 17% do PIB do país e emprega 11% da força de trabalho, impulsionando a demanda por proteínas em hotéis, restaurantes e redes gastronômicas. 

“Essa expansão populacional, associada ao crescimento do turismo e da urbanização, reforça o potencial de consumo do país — especialmente em produtos alimentares de alto valor nutricional e com estabilidade de oferta”, avaliou o presidente da ABPA, Ricardo Santin. 

Números

Em 2024, a Tanzânia importou 8,8 mil toneladas de carne de frango, sendo 70% provenientes do Brasil, 20% dos Estados Unidos e 4% da Turquia. Até então, o comércio se concentrava na região autônoma de Zanzibar, mas a nova autorização amplia o acesso a todo o território tanzaniano. 

No caso da carne suína, a demanda ainda é modesta — cerca de 100 toneladas anuais, majoritariamente importadas do Quênia (67%), União Europeia (26%) e Reino Unido (3%). A entrada do Brasil cria um novo canal de fornecimento competitivo e com alto padrão de biossegurança. 

“A Tanzânia representa uma nova oportunidade para a proteína animal do Brasil. É um mercado de grande potencial, com população em rápido crescimento e alta dependência de importações. A abertura anunciada pelo ministro Carlos Fávaro e pelo secretário Luís Rua reforça a confiança internacional na qualidade e segurança dos nossos produtos, além de ampliar a presença brasileira em um continente estratégico”, destacou Ricardo Santin.