A ponte de R$ 232 milhões que esperou 30 anos para sair do papel e vai mudar a logística no Norte
Estrutura sobre o Rio Araguaia reduz a travessia entre Tocantins e Pará para dois minutos e promete economias de até R$ 1.200 por viagem
O aquecimento no fluxo comercial deve gerar entre 5 mil e 7 mil empregos indiretos (Fotos: Ricardo Stuckert / PR)
19deNovembrode2025ás12:20
A nova ponte sobre o Rio Araguaia, que liga Xambioá, no Tocantins a São Geraldo do Araguaia, no Pará, foi inaugurada nesta terça-feira (18/11) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após três décadas de espera e sucessivos atrasos.
A estrutura de 2.010 metros de extensão, aguardada há mais de 30 anos e orçada em R$ 232 milhões, é considerada um marco logístico para o Norte do Brasil, apesar de ter enfrentado atrasos, ações judiciais e um custo final R$ 100 milhões acima do previsto inicialmente.
A obra integra o trecho da BR-153, rodovia estratégica para o escoamento da produção agropecuária da região, especialmente do Matopiba, região que engloba áreas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Mais de 1,5 milhão de pessoas devem ser beneficiadas.
Travessia em dois minutos
Até hoje, o deslocamento entre Tocantins e Pará dependia de balsas que geravam longas filas e atrasos diários.
O tempo de travessia, com valor de R$ 300, variava entre 40 minutos e duas horas, especialmente em dias de maior movimento
Com a nova ponte, o percurso pode ser feito em menos de dois minutos.
Economia de até R$ 1.200 por viagem
Aproximadamente 4 mil veículos por dia, entre carros, ônibus e caminhões, devem cruzar a ponte e serão diretamente beneficiados.
Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), caminhões que transportam grãos, carne, minérios e insumos industriais poderão economizar até 20% no tempo total de viagem ao longo da BR-153.
A economia pode chegar a R$ 1.200 por viagem para carretas de grande porte, considerando diesel, horas paradas e custos logísticos indiretos.
A ponte está conectada à rota utilizada para o escoamento de soja, milho e carnes em direção aos portos do Norte, especialmente Itaqui (MA) e Barcarena (PA).
A estimativa dos governos estaduais do Tocantins e Pará, assim como do Ministério dos Transportes, é que o fluxo comercial entre os dois estados aumente até 15% nos primeiros dois anos.
Empregos e impacto no PIB
O aquecimento no fluxo comercial deve gerar entre 5 mil e 7 mil empregos indiretos, sobretudo em atividades de comércio, turismo, serviços e logística.
As secretarias estaduais de desenvolvimento projetam ainda um crescimento de 2% a 4% no PIB dos municípios diretamente impactados pela obra.
Além disso, com o fim da dependência das balsas, a travessia passa a funcionar 24 horas por dia, aumentando a previsibilidade da rota.
Obra ficou R$ 100 milhões mais cara
A construção da ponte começou em 2014 e enfrentou uma série de embargos e disputas contratuais. O custo inicial era de R$ 130 milhões. Atrasos provocados por questões judiciais somaram mais de mil dias.
Após aditamentos contratuais, o valor final chegou a R$ 232 milhões, o que representa um aumento de 78%. Mesmo com o histórico de problemas, a ponte foi concluída dentro do plano federal de retomada de obras paradas.

Competitividade agropecuária
A redução dos custos logísticos deve beneficiar a cadeia da soja e do milho, a pecuária bovina no sudeste do Pará e o transporte de insumos agrícolas para fazendas da região. A obra facilitará escoamento da produção agropecuária e industrial da região
A competitividade do Tocantins, do Pará e de toda a Região Norte será ampliada no cenário nacional e internacional.
Segurança e turismo
A ponte substitui uma travessia historicamente vulnerável a acidentes, falhas mecânicas e interrupções em épocas de cheia. A região do Araguaia, que já possui forte potencial turístico, deve ganhar impulso com a regularização do fluxo e a eliminação das filas da balsa.
O que ainda falta?
Apesar da conclusão da ponte, o governo federal reconhece dois desafios pendentes. O primeiro é a recuperação do trecho da BR-153 entre Araguaína (TO) e Marabá (PA), que apresenta desgaste e pontos de erosão.
O segundo é a instalação de iluminação e a execução de melhorias urbanas nos acessos à ponte. O Ministério dos Transportes prevê a contratação desses serviços a partir de 2026.








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