Brasil conquista novo mercado e reforça liderança nas exportações de carne bovina

Autorização foi confirmada por autoridades sanitárias e amplia as oportunidades do setor em meio ao forte ritmo das exportações

Brasil conquista novo mercado e reforça liderança nas exportações de carne bovina
Ilustrativa

O governo brasileiro confirmou junto às autoridades sanitárias da Guatemala a autorização para que o Brasil exporte carne bovina e seus derivados ao país centro-americano. 

Com cerca de 18 milhões de habitantes, a Guatemala importou mais de US$ 192 milhões em produtos agropecuários brasileiros entre janeiro e outubro de 2025. Os cereais lideraram a pauta de exportações do Brasil ao país no período. 

No ano passado, os guatemaltecos importaram US$ 155,6 milhões em carne bovina, o equivalente a aproximadamente 8,6% do consumo interno.

O valor representa crescimento de 122% em relação aos anos anteriores, evidenciando o potencial de expansão do mercado. 

A autorização ocorre em um momento de forte desempenho da pecuária brasileira.

O Brasil segue como o maior exportador mundial de carne bovina, com embarques superiores a US$ 12 bilhões em 2024, o equivalente a 2,8 milhões de toneladas destinadas a mais de 150 mercados. Em 2025, o ritmo segue acelerado: até outubro, as exportações já superaram US$ 14 bilhões.

A abertura do mercado guatemalteco cria novas oportunidades, especialmente para cortes congelados, que representam mais de 70% das importações do país nesse segmento. Para a Guatemala, a chegada da carne brasileira contribui para maior estabilidade de oferta, fortalecendo a segurança alimentar e ampliando o acesso de consumidores e da indústria local a proteínas de qualidade.

Com o anúncio, o agronegócio brasileiro alcança a marca de 500 novas oportunidades comerciais abertas desde o início de 2023.

“Cada abertura traz mais renda para o campo, mais oportunidade para quem produz e mais reconhecimento para os nossos produtos. E tudo isso mantendo o abastecimento do mercado interno, que consome cerca de 70% do que produzimos”, comemorou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

Brasil e Índia firmam acordo histórico na genômica da pecuária leiteira

A Embrapa assinou, na última segunda-feira (08), um Memorando de Entendimento (MOU) de cooperação científica e tecnológica com um consórcio formado por cinco empresas privadas — três indianas e duas brasileiras — para a transferência e validação de tecnologias genômicas na pecuária leiteira da Índia.

O acordo, com validade de dez anos, envolve as companhias indianas Leads Agri Genetics, LeadsConnect Services e B.L. Kamdhenu Farms, além das brasileiras Fazenda Floresta e DNAMARK.

Segundo o embaixador da Índia no Brasil, Dinesh Bhatia, esta é a primeira iniciativa técnico-científica conjunta entre empresas dos dois países voltada ao melhoramento genético de ponta e é um desdobramento da parceria entre a Embrapa e o Conselho Indiano de Pesquisa Agrícola (ICAR).

Para a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, o acordo amplia uma colaboração histórica em melhoramento genético bovino e abre novas oportunidades para o uso de genômica, biotecnologia e bioinformática.

Embora o foco inicial seja a pecuária, o escopo de cooperação definido é bastante amplo”, afirma.

O pesquisador Marcos Vinícius G. B. Silva, da Embrapa Gado de Leite, destaca que a iniciativa permitirá levar à Índia o portfólio de tecnologias genômicas desenvolvido pela Embrapa, inicialmente aplicado às raças zebuínas. Em contrapartida, a instituição terá acesso a bancos de dados genômicos e fenotípicos de raças indianas.

A cooperação prevê ações em áreas como mudanças climáticas, biotecnologia, bioeconomia, automação e agricultura digital. Entre as iniciativas práticas estão a criação de um laboratório de genômica e bioinformática na Índia, a meta de elevar a produção para 330 milhões de toneladas de leite por ano até 2034, além da implantação de um sistema de produção com dez mil vacas e programas de melhoramento das raças Sindi e Sahiwal.

Para o Brasil, a parceria abre espaço para a exportação de sêmen e embriões e amplia a variabilidade genética do Gir Leiteiro, reduzindo riscos de endogamia. O memorando também simboliza um retorno às origens da genética zebuína. Segundo o chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, José Luiz Bellini, o acordo reconhece internacionalmente a qualidade do trabalho brasileiro.

“De importador, agora exportamos conhecimento em melhoramento para o país de origem da raça”, reforça o pesquisador Silva.

O avanço é resultado direto do Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro (PNMGL), criado em 1985 pela Embrapa em parceria com a ABCGIL e a ABCZ, que transformou a raça por meio de testes de progênie e, mais recentemente, pela incorporação da genômica.