Vendas externas recordes de carne sustentam preço do boi

As vendas externas recordes de carne bovina estão redefinindo o mercado

Vendas externas recordes de carne sustentam preço do boi
Ilustrativa

O ano de 2025 está se consolidando como um marco histórico para a pecuária de corte no Brasil. Com o mercado internacional mais aquecido do que nunca, o setor celebra um desempenho excepcional nas exportações, tanto de carne quanto de animais vivos. Esse ritmo forte de embarques para o exterior tem sido o principal pilar de sustentação para os preços da arroba do boi gordo no mercado interno.

Para o produtor rural, entender essa dinâmica é fundamental, pois o que acontece nos portos de Santos ou Paranaguá reflete diretamente no preço negociado na fazenda. A lógica é simples: com mais produto sendo vendido para fora, a oferta disponível no Brasil fica mais ajustada à demanda, evitando a pressão de baixa sobre os preços que o excesso de carne no mercado poderia causar.

O que impulsiona este cenário de exportação?

As vendas externas recordes não acontecem por acaso. Elas são o resultado da combinação de fatores que posicionam o Brasil como protagonista indispensável no fornecimento global de proteína animal. Um dos principais motores é a demanda consistente de mercados gigantescos, especialmente na Ásia, que continuam a aumentar seu consumo de carne bovina. A qualidade e a competitividade do produto brasileiro, reconhecidas mundialmente, também desempenham um papel crucial.

Nossos protocolos sanitários, fiscalizados por órgãos como o MAPA, garantem um produto seguro e confiável, abrindo portas nos mercados mais exigentes do planeta.

Além da demanda e da qualidade, o câmbio favorável continua a ser um grande atrativo para os compradores internacionais, tornando a carne brasileira uma opção economicamente vantajosa. Esse conjunto de fatores cria um ambiente perfeito para o escoamento da produção.

A indústria frigorífica, atenta a essa oportunidade, direciona uma parcela significativa de sua produção para o mercado externo, o que ajuda a enxugar a oferta doméstica. Esse movimento é estratégico e beneficia toda a cadeia produtiva, começando lá na base, com o criador de bezerros, e seguindo até o pecuarista que faz a terminação do gado.

Vendas externas recordes e o impacto na sua fazenda

Mas, na prática, como essa movimentação nos portos afeta o dia a dia de quem está no campo? O impacto é direto e pode ser percebido em diversas frentes da gestão da propriedade. A demanda aquecida pelos frigoríficos exportadores significa uma maior procura por animais prontos para o abate, o que fortalece o poder de negociação do produtor. Em vez de aceitar o primeiro preço oferecido, o pecuarista se vê em uma posição mais confortável para negociar valores mais justos pela arroba. Essa valorização não se limita ao boi gordo; ela se espalha por toda a cadeia, influenciando positivamente os preços do gado de reposição, como bezerros e garrotes.

Para o produtor que busca aproveitar ao máximo este bom momento, alguns pontos se tornam ainda mais importantes:

  • Planejamento do abate: Com a demanda aquecida, o frigorífico busca fechar lotes com mais antecedência, o que exige um planejamento mais apurado por parte do pecuarista para ter os animais no peso e acabamento ideais na hora certa;
  • Valorização de categorias: Não só o boi gordo se beneficia. O ciclo pecuário inteiro é estimulado, pois para continuar produzindo, a indústria precisa garantir a reposição, valorizando o bezerro e tornando a cria uma atividade mais rentável;
  • Exigências de rastreabilidade e sanidade: Os mercados internacionais são rigorosos. Isso significa que a fazenda precisa estar com toda a documentação, vacinação e protocolos de bem-estar animal em dia. A rastreabilidade se torna uma ferramenta não apenas de controle, mas de agregação de valor.

Os números que confirmam o bom momento

Os dados oficiais pintam um quadro claro deste cenário positivo. Segundo informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o volume de carne bovina embarcado nos primeiros dez meses de 2025 já corresponde a 96% de todo o total exportado durante o ano de 2024. Isso indica, com segurança, que o ano fechará com um novo recorde histórico, tanto em volume quanto em receita. As vendas externas recordes são uma realidade inegável.

Paralelamente, a exportação de animais vivos também mostra um vigor impressionante. No mesmo período, 842 mil cabeças foram enviadas para outros países, um aumento de 12,4% em comparação com o ano anterior.

Essa performance robusta é analisada de perto por instituições de referência, como o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. A análise dos pesquisadores reforça a conexão direta entre exportação e preços domésticos.

Segundo pesquisadores do Cepea, o forte escoamento de carne para o mercado internacional tem sido um dos principais fatores de sustentação dos preços no Brasil, à medida que evita excesso de oferta no mercado doméstico. Essa demanda combinada à oferta de animais para abate um pouco menor nesta época do ano têm estimulado pequenas e contínuas valorizações tanto da carne no atacado quanto de todas as categorias animais.

Navegando entre a demanda e os desafios futuros

Apesar do cenário otimista, o produtor precisa permanecer atento aos desafios e às tendências que moldarão o futuro da pecuária. A mesma demanda internacional que impulsiona os preços também eleva a régua das exigências, principalmente em relação à sustentabilidade.

A agenda ESG (ambiental, social e de governança) já não é mais um diferencial, mas uma condição para acessar e se manter nos mercados mais valiosos. Isso reforça a importância de adotar práticas de produção sustentáveis, como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e a recuperação de pastagens degradadas, tecnologias amplamente difundidas por instituições como a Embrapa.

Outro ponto de atenção é o equilíbrio entre o mercado externo e o abastecimento interno. Embora as exportações sejam vitais, é preciso garantir que o consumidor brasileiro continue tendo acesso à proteína de qualidade a preços competitivos. O desafio do setor é aumentar a produtividade por meio de tecnologia, genética e manejo, produzindo mais na mesma área para atender a todos os mercados. A contínua abertura de novos mercados e a diversificação dos destinos de exportação também são estratégias importantes para reduzir a dependência de poucos grandes compradores e mitigar riscos futuros.

O momento atual, impulsionado pelas vendas externas recordes, é uma janela de oportunidade para o pecuarista brasileiro. O forte desempenho das exportações não apenas sustenta os preços e a rentabilidade da atividade, mas também valida a qualidade e a eficiência da nossa produção. Olhar para esses números é entender que o trabalho realizado dentro da porteira tem um valor que ultrapassa fronteiras. Clique aqui e acompanhe o mercado do boi.

AGRONEWS