Golpe do Milho: Polícia desarticula quadrilha que movimentou R$ 120 milhões em fraudes

Operação Agrofraude prendeu 17 suspeitos e cumpriu 36 mandados em nove estados

Golpe do Milho: Polícia desarticula quadrilha que movimentou R$ 120 milhões em fraudes
Ilustrativa

A Polícia Civil deflagrou nesta terça-feira (7) a Operação Agrofraude, que investiga um grupo criminoso envolvido em um sofisticado esquema de estelionato na comercialização de grãos de milho.

A ação foi coordenada pela 2ª Vara das Garantias de Goiânia (GO) e contou com o cumprimento de 36 ordens judiciais, sendo 17 mandados de prisão e 19 de busca e apreensão, em nove estados e no Distrito Federal.

Segundo as investigações, o grupo operava há pelo menos cinco anos e teria movimentado mais de R$ 120 milhões em transações fraudulentas.

A estimativa mais recente aponta que, apenas em Rio Verde (GO), o prejuízo às vítimas chega a R$ 1 milhão. Ao todo, mais de 40 pessoas estão sendo investigadas por envolvimento direto ou indireto no esquema.

Como funcionava o golpe

O delegado Matheus Dutra, do Grupo Especial de Investigações Criminais (GEIC) de Rio Verde, explicou que o golpe consistia em o suspeito se passar por intermediário na compra e venda de milho.

“O golpista entrava em contato com corretores de grãos de milho, se passando por comprador. Esses corretores enviavam fotos, vídeos e localização da fazenda, além de características dos produtos. Com essas informações, o golpista se passa por vendedor e entra em contato com outros corretores”, afirmou ao G1.

Ainda segundo o delegado, a partir daí o criminoso simulava uma negociação legítima:

“O golpista agora, se passando por proprietário dos produtos e por produtor rural, consegue obter as vantagens financeiras indevidas. Dessa forma, a vítima, acreditando que está em uma negociação legítima, é enganada e faz as transferências bancárias.”

A Polícia Civil apontou que o grupo utilizava meios eletrônicos e plataformas digitais para aplicar o golpe, criando um ciclo de falsos compradores e vendedores de grãos.

As transações ocorriam sem que o produto existisse de fato, e o dinheiro era rapidamente pulverizado em diferentes contas bancárias. 

A operação e os estados envolvidos

As ordens judiciais foram cumpridas em Mato Grosso, Goiás, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Amazonas, Acre, Piauí e Distrito Federal.

Em Mato Grosso, os principais alvos estavam nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande e Campo Verde.

A operação foi executada em conjunto pela Polícia Civil de Mato Grosso, por meio da Delegacia Especializada de Estelionato de Cuiabá, com apoio da Diretoria de Atividades Especiais (DAE) e da Diretoria Metropolitana. Ao todo, participaram 85 policiais e 19 viaturas.

Além das prisões e buscas, a operação também cumpriu mandados de sequestro de bens e bloqueio de contas bancárias ligadas aos investigados.

Próximos passos da investigação

Os suspeitos poderão responder por estelionato qualificado pela fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

O material apreendido durante a operação está sendo analisado e poderá revelar novas conexões da quadrilha, que teria ramificações em todo o país.

As investigações seguem em andamento para identificar outros envolvidos e rastrear o destino dos valores obtidos com os golpes. De acordo com a Polícia Civil, a estrutura e a capilaridade do grupo indicam uma organização altamente articulada voltada a fraudes no agronegócio.