Incerteza com a China trava recuperação do boi gordo em novembro

Analista aponta que novembro teve cotações estáveis, compras pressionadas e forte influência do adiamento da investigação chinesa sobre a carne bovina

Incerteza com a China trava recuperação do boi gordo em novembro
Ilustrativa

O mercado brasileiro do boi gordo encerrou novembro em ritmo mais contido, contrariando a expectativa de recuperação mais firme ao longo do mês.

Para analistas, a cautela dos agentes segue ligada à indefinição da China sobre a investigação de salvaguarda das importações de carne bovina — um fator que travou movimentos de alta e manteve as negociações em compasso mais lento.

Segundo Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, o cenário externo foi determinante para limitar a valorização da arroba.

“As incertezas envolvendo a China foram decisivas para frear o mercado do boi gordo e impedir altas mais consistentes no valor da arroba”, afirma.

A prorrogação, pelos chineses, da investigação sobre a carne bovina até janeiro de 2026 trouxe apenas um alívio parcial. “No entanto, no mercado físico, o que se evidenciou em diversas regiões do país foram tentativas de compra em patamares mais baixos”, avalia.

Iglesias reforça que o adiamento foi positivo ao mercado futuro, que vinha de forte queda e elevada volatilidade. “Agora o mercado deve voltar aos eixos e talvez experimentar preços mais altos, pensando na volta dos Estados Unidos nas aquisições de carne bovina do Brasil”, sinaliza.

Preços variam entre as principais praças

O fim de novembro registrou comportamentos distintos entre os estados, com estabilidade em algumas regiões e recuos em outras. No dia 28, a arroba a prazo estava cotada a:

São Paulo (capital): R$ 325,00 — estável frente a outubro.

Goiás (Goiânia): R$ 320,00 — inalterado em relação ao mês anterior.

Minas Gerais (Uberaba): R$ 315,00 — alta de 1,61% ante os R$ 310,00 de outubro.

Mato Grosso do Sul (Dourados): R$ 320,00 — queda de 3,03% frente aos R$ 330,00 do mês passado.

Mato Grosso (Cuiabá): R$ 300,00 — recuo de 1,64% ante os R$ 305,00 de outubro.

Rondônia (Vilhena): R$ 280,00 — baixa de 3,45% frente aos R$ 290,00 anteriores.

Atacado tem demanda firme

No atacado, novembro manteve o ritmo esperado para o fim de ano. “O mercado atacadista apresentou boa demanda ao longo de novembro, conforme o esperado”, comenta Iglesias. Ele avalia que dezembro ainda pode registrar reajustes positivos na carne bovina.

O traseiro foi cotado a R$ 25,50/kg, avanço de 2% sobre os R$ 25,00/kg de outubro. No dianteiro, o preço subiu 4,4%, para R$ 19,00/kg, ante R$ 18,20/kg no fim do mês anterior.

Exportações seguem aquecidas

As exportações brasileiras de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada somaram US$ 1,308 bilhão em novembro (até o dia 28, com 14 dias úteis), média diária de US$ 93,437 milhões. O volume embarcado alcançou 238,219 mil toneladas, com média diária de 17,015 mil toneladas. O preço médio foi de US$ 5.491,20 por tonelada.

Na comparação com novembro de 2024, houve:

+59,7% no valor médio diário exportado

+41,7% na quantidade média diária

+12,7% no preço médio da tonelada

Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).