Poder de compra do avicultor cai ao menor nível em 9 meses
O poder de compra do avicultor está em xeque.
Amigo produtor, o dia a dia na granja é uma batalha constante. A gente acorda cedo, cuida do plantel, garante a qualidade do produto e, no fim do mês, espera que a conta feche. Mas os últimos dados trouxeram um alerta importante para quem vive da avicultura de postura. Um levantamento recente do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, o Cepea da Esalq/USP, apontou que em outubro o poder de compra do avicultor paulista atingiu seu patamar mais baixo desde janeiro.
Isso significa que, na prática, o dinheiro que entra com a venda dos ovos está comprando menos insumos essenciais, como o milho e o farelo de soja. É uma situação delicada que exige atenção e, principalmente, estratégia para ser superada.
O que os números do Cepea revelam
Vamos direto aos fatos. O relatório de novembro de 2025, mostra um cenário desafiador. A principal razão para essa queda no poder de compra foi a desvalorização acentuada dos preços dos ovos, que caiu mais do que os custos de produção. Em Bastos, o coração da avicultura de postura em São Paulo, os preços na granja (o chamado FOB, que é o valor do produto antes do frete) recuaram pelo segundo mês consecutivo.
Em outubro, a caixa com 30 dúzias de ovos brancos foi negociada, em média, a R$ 139,92, uma queda de 3,6% em relação a setembro. Já os ovos vermelhos tiveram uma baixa ainda maior, de 3,9%, com a caixa cotada a R$ 154,15. Esses são os valores mais baixos registrados desde novembro do ano anterior, o que acende um sinal amarelo no painel de controle de qualquer produtor.
A balança dos custos: milho e farelo de soja
A alimentação das aves é, sem dúvida, o maior peso na planilha de custos do avicultor, correspondendo a uma fatia gigante dos gastos totais. Os principais ingredientes dessa ração são o milho, fonte de energia, e o farelo de soja, fonte de proteína. A dinâmica de preços desses dois insumos é crucial para a saúde financeira da granja.
Entre setembro e outubro, o cenário foi misto: o milho teve uma leve alta, enquanto o farelo de soja apresentou queda. No entanto, a pequena folga dada pelo farelo não foi suficiente para compensar a forte desvalorização dos ovos. Essa combinação criou uma tempestade perfeita que pressionou a margem de lucro e, consequentemente, o poder de compra do produtor. É como remar contra a maré: mesmo com um esforço enorme, o avanço é pequeno.

Por que o poder de compra do avicultor diminuiu?
Entender o que é o poder de compra é fundamental. De forma simples, ele representa a quantidade de insumos que você, produtor, consegue adquirir com a venda do seu produto. Quando o preço da caixa de ovos cai e o preço da saca de milho sobe, sua capacidade de comprar esse insumo diminui. É a chamada “relação de troca” que ficou desfavorável.
Vários fatores podem explicar a queda no preço dos ovos, como um aumento na oferta no mercado, uma demanda mais fraca por parte dos consumidores devido a questões econômicas ou até mesmo a concorrência entre as regiões produtoras. O fato é que essa conjuntura afeta diretamente o fluxo de caixa da granja e a capacidade de investir em melhorias ou mesmo de manter as operações saudáveis. A perda do poder de compra significa, na prática, trabalhar mais para ganhar menos. h e acompanhe o mercado financeiro.
Estratégias para navegar na crise e proteger a rentabilidade
Embora o cenário pareça adverso, o produtor rural brasileiro é conhecido por sua resiliência e capacidade de adaptação. Ficar de braços cruzados não é uma opção. É hora de arregaçar as mangas, analisar os processos e buscar eficiência em cada detalhe da produção. Algumas ações práticas podem ajudar a atravessar este período de baixo poder de compra e fortalecer o negócio para o futuro. A gestão se torna a principal ferramenta para garantir a sustentabilidade da atividade avícola.
Reavaliar a formulação da ração com o auxílio de um zootecnista para otimizar custos sem prejudicar o desempenho das aves;
Pesquisar e negociar preços de insumos em grupo, por meio de cooperativas ou associações, para ganhar escala e poder de barganha;
Investir em um controle de gestão rigoroso, monitorando de perto todos os custos de produção para identificar onde é possível economizar;
Explorar novos canais de venda, como a venda direta ao consumidor ou a pequenos comércios, para tentar agregar mais valor ao produto;
Melhorar o manejo sanitário e de bem-estar animal para aumentar a produtividade do plantel e reduzir perdas.
Olhando para o futuro e a importância da informação
O mercado do agronegócio é cíclico, com períodos de alta e de baixa. A avicultura de postura, um dos setores mais dinâmicos e importantes do Brasil, não foge a essa regra. Apesar dos desafios atuais que impactam o poder de compra, as perspectivas a longo prazo continuam positivas. O ovo é uma proteína de alta qualidade e baixo custo, essencial na mesa dos brasileiros. Para o produtor, o segredo é se manter informado e preparado. Acompanhar os indicadores de mercado é tão importante quanto o manejo diário das aves. Instituições de pesquisa são aliadas valiosas nesse processo.
A análise constante dos indicadores de mercado, como os divulgados pelo Cepea, é fundamental para que o avicultor possa tomar decisões mais assertivas e se antecipar às flutuações de preços, protegendo sua margem de lucro e seu poder de compra.
A volatilidade dos preços dos insumos e do produto final exige planejamento e uma visão estratégica. A crise atual, marcada pela redução do poder de compra, serve como um lembrete da importância de uma gestão eficiente, da busca contínua por inovação e da união do setor. Superar os desafios de hoje é o que fortalece a produção para as oportunidades de amanhã, garantindo que a avicultura brasileira continue crescendo de forma sólida e sustentável.
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