Retração nas vendas e dólar forte impulsionam o mercado do milho
No mercado do milho, os produtores seguram oferta e preços disparam no mercado interno
A combinação entre a postura cautelosa dos produtores e a atratividade da exportação vem sustentando uma escalada consistente nos preços do milho no Brasil. O mercado interno, já pressionado pela menor oferta imediata, encontra suporte na elevação da paridade de exportação — fator que torna o produto nacional competitivo frente às cotações internacionais, especialmente com o câmbio favorável.
A retração dos vendedores é reflexo direto de uma estratégia calculada: com a safra ainda em desenvolvimento e as atividades de campo em ritmo intenso, muitos preferem aguardar um momento mais vantajoso para negociar. Essa postura reduz o volume disponível no curto prazo e alimenta a valorização do grão nas principais praças do país.
Produtores apostam em valorização e mantêm milho estocado à espera de melhores negócios
Nas últimas semanas, a movimentação dos compradores voltou a crescer, mas os produtores permanecem firmes na decisão de segurar a oferta. Segundo analistas do Cepea, há uma clara leitura de mercado entre os agricultores: a tendência de alta nos preços ainda não se esgotou, o que estimula o adiamento das vendas. Muitos só colocam novos lotes à disposição quando há necessidade urgente de liquidez ou para liberar espaço nos armazéns.
Essa estratégia tem dado resultado — a cada rodada de negociações, as cotações avançam mais um degrau. O cenário se torna ainda mais favorável pela consistência da demanda externa e pelo dólar valorizado, que reforça a competitividade da soja e do milho brasileiros no front internacional.

Apesar do ímpeto comprador e da retração vendedora, as elevações nos preços do milho poderiam ter sido ainda mais acentuadas. Isso porque parte dos consumidores, especialmente indústrias e cooperativas, tem recorrido aos estoques acumulados para evitar compras no mercado spot. Essa estratégia, no entanto, tem efeito limitado: à medida que o consumo interno se mantém firme e os estoques se reduzem, a tendência é que a pressão sobre os preços volte a crescer.
Em um contexto de custos logísticos elevados, câmbio volátil e incertezas sobre o ritmo das exportações no início de 2026, o mercado de milho segue em um equilíbrio delicado — sustentado pela escassez momentânea de oferta e pela aposta dos produtores em um cenário de preços ainda mais firmes nos próximos meses.
AGRONEWS








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