PepsiCo lança programa para incentivar agricultura regenerativa no Cerrado

Iniciativa prevê pagamentos diretos a produtores de milho e investimento de US$ 1 milhão até o terceiro ano

PepsiCo lança programa para incentivar agricultura regenerativa no Cerrado
Ilustrativa

A PepsiCo deu um novo passo na agenda de sustentabilidade  ao lançar, em parceria com a Griffith Foods e a Milhão Ingredientes, um programa de incentivo direto a produtores rurais do Cerrado brasileiro.

O projeto busca estimular práticas de agricultura regenerativa, um modelo que alia produtividade e conservação ambiental, em uma das regiões agrícolas mais estratégicas e sensíveis do país.

Segundo a empresa, a iniciativa marca um novo passo no compromisso da companhia com a agricultura regenerativa e a resiliência climática em sua cadeia de suprimentos.

O Cerrado é responsável por mais de 60% da soja e por volumes expressivos de milho no país — dois pilares da segurança alimentar global. Mas o bioma, essencial à produção de grãos, enfrenta pressões crescentes de desmatamento, degradação do solo e estresse climático.

Para a PepsiCo, trata-se de uma das áreas de fornecimento mais sensíveis e de maior risco, o que torna a ação urgente e estratégica, segundo a empresa.

Pagamento por resultados

O programa adota um modelo híbrido de Pagamento por Prática e Pagamento por Resultados, que remunera diretamente agricultores de milho pela adoção de práticas regenerativas, como compostagem, uso de insumos biológicos e redução de fertilizantes químicos.

Os produtores recebem pagamentos iniciais para compensar custos de insumos sustentáveis e bônus por desempenho conforme reduzem o uso de agroquímicos.

 A meta é superar a principal barreira da transição: o risco financeiro.

“Este programa aborda a maior barreira para a agricultura regenerativa: o risco financeiro que os agricultores enfrentam ao fazer a transição para novas práticas”, afirma Thais Souza, líder de Procurement para Sustentabilidade da PepsiCo Brasil. “Ao fornecer incentivos diretos, estamos possibilitando mudanças de comportamento que melhoram a saúde do solo, reduzem as emissões de gases de efeito estufa e constroem resiliência climática.”

Parceria e escala

O projeto-piloto abrangerá 2,8 mil hectares (7.000 acres), com planos de expansão para 12 mil hectares (30.000 acres) — todo o volume de milho adquirido pela PepsiCo na região — até o terceiro ano. A iniciativa é cofinanciada pela PepsiCo e pela Griffith Foods, com contribuições adicionais da Milhão.

O investimento total deverá atingir US$ 1 milhão até o terceiro ano.

Para Nicholas Costa, diretor regional de Sustentabilidade da Griffith Foods para a América Central e do Sul, a colaboração mostra que é possível unir concorrência e cooperação.

“Guiados pelas nossas Aspirações 2030, estamos adotando uma mentalidade regenerativa que restaura solos, fortalece comunidades e prova que os negócios podem ser um veículo para um bem maior”, afirmou.

O diretor sênior da PepsiCo Brasil Foods, JP Cavalcanti, acrescenta que a meta é inspirar outras empresas a seguir o mesmo caminho.

“Isto é mais do que um piloto — é um plano para transformar a agricultura em uma das regiões mais críticas do mundo. Queremos inspirar outras empresas a se unir nesse esforço coletivo.”

A iniciativa faz parte da Plataforma de Resiliência Climática da PepsiCo, que direciona investimentos a práticas de alto impacto adaptadas às condições locais, fortalecendo a adaptação climática e apoiando comunidades agrícolas resilientes. 

Cerrado em transição

O projeto chega em meio a uma tendência de queda no desmatamento do Cerrado.

Segundo o Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre agosto de 2024 e julho de 2025 foram 7.235,27 km² desmatados — uma redução de 11,49% no período.

É o segundo ano consecutivo de queda, após cinco anos seguidos de alta (2019 a 2023). De acordo com estimativas oficiais, desde 2022 foram evitadas 733,9 milhões de toneladas de CO₂ equivalente emitidas por desmatamento na Amazônia e no Cerrado — volume comparável às emissões anuais de Espanha e França somadas.

O avanço, no entanto, não é uniforme: o desmate segue concentrado na região conhecida como Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), que respondeu por 78% da área desmatada no bioma. O Maranhão liderou, com 28% do total, seguido por Tocantins (21%), Piauí (19%) e Bahia (11%).