Bônus na seca: MS estrutura incentivo financeiro para produtores de leite

Com pagamento adicional baseado em indicadores de produção e conformidade, o subprograma busca elevar padrões de manejo, qualidade e sustentabilidade.

Bônus na seca: MS estrutura incentivo financeiro para produtores de leite
Ilustrativa

Os produtores de leite de Mato Grosso do Sul receberão um novo incentivo financeiro em 2026. O Extra Leite pagará até 14% do valor do leite produzido nos períodos de seca. O subprograma do Proape-MS (Programa de Avanços na Pecuária de Mato Grosso do Sul) avaliará mensalmente a qualidade e o volume de leite produzido e bonificará todos aqueles que respeitaram os requisitos definidos.

Nesta sexta-feira (5) representantes de laticínios, produtores e do governo do estado se reuniram na sede da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do estado de Mato Grosso do Sul) para debater como o programa será aplicado e quais os requisitos necessários para que o projeto entre em vigor.

O Extra Leite foca na modernização da produção, garantia de renda e fomento da cadeia leiteira do estado, priorizando boas práticas e regularidade na oferta.

Em entrevista ao Portal Primeira Página, o presidente da Assuleite, Éder Souza, afirmou que o subprograma é importante para a cadeia como um todo e que deve ajudar nos custos de produção.

“Só vem agregar e melhorar um pouco mais na questão desse custo em relação ao preço do leite, porque hoje o produtor não consegue mais apertar o custo dele, já está trabalhando no zero a zero. Então com o Extra Leite, o produtor consegue já pensar numa melhora para a sua cadeia em um todo”, afirmou

Sobre o subprograma

O subprograma lançado neste ano pela Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) e pela Sefaz (Secretaria de Estado da Fazenda) está em fase de homologação e testes. 

O incentivo avaliará diretrizes relacionadas à sustentabilidade, infraestrutura e produção, divididas entre requisitos obrigatórios e complementares. Caso um dos requisitos obrigatórios ou complementares não seja atingido, o produtor fica impedido de acessar o incentivo financeiro naquele período, podendo retornar no mês seguinte caso se readequar.

Entre os critérios obrigatórios estão:

Possuir CAR (Cadastro Ambiental Rural);

Ter um profissional de assistência técnica que atenda ao estabelecimento;

Produzir, no mínimo, 100 (cem) litros de leite/dia, apurados pela média mensal;

Produzir leite em conformidade com normas do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento);

Fornecer, diretamente ou por intermédio de associações ou cooperativas, a produção própria de leite às indústrias de laticínio;

Estar em situação regular quanto às suas obrigações fiscais, tributárias, trabalhistas, sanitárias e ambientais.

Já com relação aos requisitos complementares, estão a qualidade do leite, com base nos padrões de gordura, proteína, CBT (Contagem Bacteriana) e CCS (Contagem de Células Somáticas), e ações sustentáveis obrigatórias.

O secretário executivo da câmara setorial do leite da Semadesc, Orlando Camy, explicou que o subprograma busca incentivar a melhoria produtiva, incentivando cada vez mais o produtor a ter bons resultados.

“Quando o produtor tem um incentivo para melhorar o seu manejo no rebanho, para investir na atividade, ele vai poder melhorar a alimentação primeiramente, que normalmente tem mais necessidade nas propriedades. Então melhorando isso aí, vai beneficiar também depois a parte sanitária, ou seja, todos os sistemas de produção terão melhorias com o reinvestimento”, apontou.

Sobre as inscrições

Fica sob responsabilidade dos laticínios o cadastro dos produtores interessados no programa, tendo apenas ao fornecedor a necessidade de sinalizar seu interesse em participar do programa aos laticínios que distribuem seus produtos.

As inscrições serão feitas por meio de uma plataforma virtual elaborada pela Sefaz, onde serão inseridos os índices de quantidade e qualidade padrão do leite padrão. Quanto maiores forem os resultados da análise, maior é a porcentagem de auxílio que o produtor receberá.

Vale destacar que o incentivo é limitado a um cadastro por produtor de leite junto ao laticínio correspondente.

O presidente da Silems (Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado de Mato Grosso do Sul), Abraão Giuseppe Beluzi, afirma que a iniciativa contribuirá para a atual crise observada no setor do leite em Mato Grosso do Sul.

“É um baita programa voltado para o produtor, isso vai contribuir em até 30 centavos por litro de leite, mais ou menos, na data de hoje. E na situação, no preço que está o produtor recebendo o leite dele hoje, com a crise, isso contribui muito também para os laticínios de Mato Grosso do Sul”, pontuou.

Um dos pontos levantados pelos representantes de laticínios foi a dificuldade de atualização dos dados, que até o momento serão feitos individualmente por mês para cada produtor, dificultando a atualização recorrente de todos os dados.

Diante disso, durante a reunião foi solicitada uma integração entre a plataforma da Sefaz e os dados já enviados ao Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária). A integração será avaliada e, se aprovada, homologada pela plataforma da secretária.

As informações são da Primeira Página.