China adia decisão sobre salvaguarda da carne bovina para 2026

Prorrogação da investigação pelo governo chinês traz alívio momentâneo ao setor, mas mantém incertezas

China adia decisão sobre salvaguarda da carne bovina para 2026
Ilustrativa

O governo da China  decidiu prorrogar, pela segunda vez, o prazo para conclusão da investigação de salvaguarda sobre as importações de carne bovina.

O novo prazo, que venceria nesta quarta-feira (26), foi estendido até 26 de janeiro de 2026, segundo comunicado divulgado nesta terça-feira (25/11) pelo Ministério do Comércio chinês (MOFCOM). 

“Dada a complexidade deste caso, o Ministério do Comércio decidiu prorrogar novamente o prazo de investigação até 26 de janeiro de 2026”, informou a pasta. 

A investigação tem como objetivo avaliar se o volume de carne bovina  importada estaria causando impactos negativos à indústria pecuária local.

O processo foi aberto em 24 de dezembro do ano passado e, inicialmente, deveria ser concluído ainda em 2025. Em agosto, o governo chinês já havia adiado a decisão para novembro, agora novamente postergada. 

Alívio moderado para exportadores brasileiros 

O adiamento foi recebido com cautela pelo setor pecuário brasileiro. A China é o principal destino da carne bovina do Brasil, respondendo por mais de 40% das exportações da proteína. A possibilidade de imposição de salvaguardas ou tarifas adicionais vinha gerando apreensão nos últimos dias.

O Ministério da Agricultura o adiamento. Para Luis Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais da pasta, em entrevista ao Globo Rural, a prorrogação reforça o grau de complexidade da investigação. “O Brasil segue à disposição para colaborar no processo e encontrar uma solução satisfatória”, declarou.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) nainda ão se manifestaram sobre o novo adiamento. Elas aguardam comunicado oficial do governo chinês para se posicionar. 

Mercado atento aos próximos passos 

Apesar do respiro momentâneo, o mercado segue em estado de vigilância. A China é o maior importador de carne bovina do mundo e qualquer mudança em sua política comercial pode afetar diretamente preços, fluxo de exportações e planejamento da indústria pecuária brasileira. 

Com o novo prazo definido para janeiro de 2026, o setor ganha tempo, mas não escapa da incerteza. A decisão final poderá redefinir o equilíbrio do comércio de carne bovina entre os dois países — e ninguém no agro está disposto a brincar com esse risco.

No final do ano passado, o  Ministério do Comércio da China anunciou uma investigação para a possível aplicação de medidas de salvaguarda sobre a carne bovina importada, afetando grandes exportadores, como Brasil, Argentina e Austrália. 

O  processo abrange o período entre 2019 e o primeiro semestre de 2024. O principal argumento da China é que o excesso de oferta no mercado interno tem pressionado os preços da carne bovina a mínimas históricas.