Qual a previsão para a indústria de lácteos da China em 2026?

O USDA projeta estabilidade para a produção de leite da China em 2026 e para as importações de leite em pó integral, de acordo com o último relatório Dairy and Products Annual.

Qual a previsão para a indústria de lácteos da China em 2026?
Ilustrativa

O escritório do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) em Pequim projeta estabilidade para a produção de leite da China em 2026 e para as importações de leite em pó integral, de acordo com o último relatório Dairy and Products Annual.

O relatório apontou que a queda contínua dos preços do leite desde 2022 deixou muitos produtores de leite sem margem, em particular os menores. A maioria dos estabelecimentos com menos de 1.000 cabeças saiu do mercado ou foi adquirida por operadores maiores.

Os dados do setor indicam que os estabelecimentos com mais de 1.000 cabeças representarão agora mais de 68% da produção em 2025, um aumento de mais de 2% em relação ao ano anterior.

As importações de leite fluido cairão levemente em 2026, com uma oferta local que cobre grande parte do consumo interno. A produção de leite em pó desnatado crescerá e as importações se manterão.

O escritório do USDA projeta ainda um leve crescimento para a produção e importações de manteiga e queijo. Também projeta firmeza nas importações de soro e derivados.
 

Importações de leite em pó integral pela China

Figura 1

 

China enfrenta excedente de leite em meio à queda da demanda

A indústria de lácteos da China está enfrentando um grande desequilíbrio entre produção e consumo, com a produção de leite disparando para 42 milhões de toneladas em 2025 enquanto a demanda continua a enfraquecer.

O excedente surgiu como consequência direta do impulso de Pequim pela autossuficiência alimentar, que acelerou a produção por meio de investimentos em larga escala em fazendas modernas e na importação de gado leiteiro de alta produtividade.

O crescimento tem sido rápido e implacável: a produção de leite saltou de 30,39 milhões de toneladas em 2017 para quase 42 milhões de toneladas em 2025, já superando a meta nacional de 41 milhões de toneladas para 2025. No entanto, essa expansão superou a demanda do consumidor, criando um excesso estrutural em todo o setor.

O consumo per capita de lácteos na China caiu drasticamente, de 14,4 quilos em 2021 para 12,4 quilos em 2022. Analistas atribuem essa queda a uma combinação de fatores demográficos e econômicos, incluindo a queda na taxa de natalidade, o envelhecimento da população e o fraco consumo das famílias. Essas tendências reduziram a demanda por produtos como fórmula infantil, queijo e manteiga, especialmente entre consumidores de renda média que buscam alternativas mais baratas.

excedente levou a um colapso acentuado nos preços do leite cru, que em 2022 caíram abaixo do custo médio de produção de 3,8 yuans (US$ 0,53) por quilo. Essa pressão de preços apertou os produtores domésticos, forçando muitas fazendas pequenas e médias a operarem com prejuízo, reduzirem sua escala ou até fecharem. Um dos principais produtores de lácteos do país teria reduzido seu rebanho pela metade em um ano para cortar custos.

As oportunidades de exportação para o excedente de leite permanecem limitadas. Os altos custos de produção da China e a desconfiança persistente do mercado decorrente do escândalo de contaminação por melamina em 2008, deixaram compradores estrangeiros cautelosos. Algumas fazendas teriam começado a descartar leite para evitar os custos adicionais de processamento e distribuição.

O cenário atual também sinaliza um possível declínio nas importações chinesas de commodities como leite fluido e leite em pó, potencialmente remodelando os fluxos do comércio mundial de lácteos.

Enquanto a segunda maior economia do mundo lida com esse excedente de leite, seu setor de laticínios enfrenta um ponto crítico: equilibrar as ambições de autossuficiência com a demanda sustentável e a estabilidade do mercado.

As informações são do Blasina y Asociados e do Rural Voice, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.