Preço da carne de frango segue em queda
O preço da carne de frango registrou uma queda em novembro, trazendo novas dinâmicas para o mercado avícola
Depois de um trimestre de valorização contínua, quem acompanha o setor avícola notou uma mudança de rota no último mês. Segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, os valores da carne de frango recuaram, refletindo um cenário clássico de oferta e demanda. Essa alteração não acontece por acaso e envolve uma combinação de fatores que vão desde o planejamento da produção nas granjas até o comportamento do consumidor no supermercado.
Entender essas movimentações é fundamental não apenas para o produtor, mas para toda a cadeia produtiva e, claro, para quem consome o produto final. Vamos mergulhar nos detalhes para compreender o que pressionou o preço da carne para baixo e quais são as expectativas para as próximas semanas, especialmente com a chegada das festas de final de ano.
Por que o preço da carne de frango recuou?
A principal razão para a queda no preço da carne de frango em novembro foi o aumento da oferta do produto no mercado. Ocorreu uma maior disponibilidade de frangos vivos prontos para o abate ao longo do mês. Quando há mais animais sendo encaminhados para os frigoríficos, a consequência natural é um volume maior de carne chegando aos canais de distribuição, como o mercado atacadista. Essa abundância de produto tende a pressionar os valores para baixo, pois os vendedores precisam competir mais para escoar seus estoques.
Além disso, o mês de novembro tem uma característica sazonal de enfraquecimento da demanda, principalmente em sua segunda quinzena. Com as contas se acumulando e o orçamento mais apertado antes do recebimento do décimo terceiro salário, muitas famílias reduzem o consumo, o que impactou diretamente a procura pela proteína.
De acordo com o Cepea, “no atacado da Grande São Paulo o frango inteiro congelado teve média de R$ 7,77/kg em novembro, baixa de 2,1% frente à de outubro”.
Essa combinação de mais frango disponível e uma demanda mais contida foi o estopim para interromper a sequência de três meses de alta. Para o avicultor, esse é um momento de atenção, pois o valor de venda do animal vivo também sente essa pressão, impactando diretamente a rentabilidade do negócio. A dinâmica mostra como o equilíbrio entre produção e consumo é delicado e pode mudar rapidamente.
A balança da oferta e demanda na avicultura
O mercado avícola funciona como uma balança precisa, onde qualquer peso a mais de um lado, seja na oferta ou na demanda, desequilibra os preços. Compreender os fatores que influenciam cada prato dessa balança ajuda a antecipar tendências e a tomar melhores decisões. O preço da carne é um reflexo direto desse equilíbrio. Do lado da oferta, diversos elementos entram na conta do produtor, muito antes do frango chegar ao mercado. Já do lado da demanda, o cenário econômico e os hábitos culturais do consumidor ditam o ritmo das compras.
Vamos ver alguns exemplos práticos que movimentam essa balança diariamente:
- Fatores que impactam a oferta: o alojamento de pintainhas (decisão de quantos pintos iniciar na criação), o custo dos insumos para ração, como milho e farelo de soja, que são os principais componentes da dieta das aves, e até mesmo as condições climáticas, que podem afetar o desenvolvimento dos animais;
- Fatores que impactam a demanda: o poder de compra da população, o preço de carnes concorrentes como a bovina e a suína, datas comemorativas que tradicionalmente aumentam o consumo de aves e a movimentação das exportações, que podem drenar parte da produção interna.
Quando a carne bovina está muito cara, por exemplo, é comum que o consumidor migre para o frango, aumentando a demanda e sustentando um preço da carne de frango mais elevado. Por outro lado, se o custo de produção sobe muito para o avicultor, ele pode reduzir o alojamento, resultando em menos oferta no futuro.

Expectativas divididas para o final de ano
Com a chegada de dezembro, o setor avícola se depara com um cenário de incertezas e expectativas divergentes. De um lado, há uma corrente de otimismo baseada no tradicional aquecimento das vendas de final de ano. As festas de Natal e Ano Novo historicamente impulsionam a procura por aves, não apenas o frango do dia a dia, mas também produtos especiais como chester e peru.
Esse aumento sazonal da demanda poderia, em tese, reverter a tendência de queda e provocar uma reação positiva nos preços. A entrada do décimo terceiro salário na economia também é um fator que costuma aquecer o consumo de proteínas de modo geral.
Por outro lado, existe uma parcela do mercado mais cautelosa. Esses agentes apontam que a oferta de animal vivo, que já estava elevada em novembro, pode continuar acima da procura. Se os frigoríficos mantiverem um ritmo de abate forte e o volume de carne no mercado continuar alto, essa pressão vendedora pode anular o efeito positivo do aumento da demanda sazonal.
Nesse caso, o preço da carne de frango poderia se manter estável ou até mesmo sofrer novas pressões de baixa. A grande questão é qual força prevalecerá: o apetite do consumidor nas festas ou o volume de produto disponível no atacado.
O peso do Brasil no mercado global de aves
Não podemos analisar o preço da carne de frango olhando apenas para o nosso quintal. O Brasil é uma potência mundial na produção e exportação de carne de aves, disputando a liderança global. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o país exporta para mais de 150 nações, o que significa que o mercado internacional tem uma influência direta sobre o cenário doméstico. Quando a demanda externa está aquecida, uma parte significativa da produção é direcionada para outros países, o que ajuda a enxugar a oferta interna e a sustentar os preços por aqui.
Da mesma forma, qualquer instabilidade no comércio global, como barreiras sanitárias ou crises econômicas em países compradores, pode fazer com que um volume maior de frango permaneça no Brasil, pressionando os preços para baixo.
Essa conexão com o mercado global adiciona mais uma camada de complexidade à formação de preços. Fatores como a taxa de câmbio também desempenham um papel crucial. Um dólar mais alto torna a exportação mais atrativa para os frigoríficos brasileiros, incentivando as vendas externas. Portanto, para entender completamente a dinâmica do preço da carne de frango, é essencial acompanhar não só o que acontece nas granjas e nos supermercados do Brasil, mas também as negociações e a demanda que vêm de todo o mundo.
O recuo no preço da carne de frango em novembro, embora pontual, serve como um lembrete da complexidade do setor. Fatores como o ciclo de produção, o comportamento do consumidor e o cenário macroeconômico se entrelaçam para definir os valores na gôndola. Clique aqui e acompanhe o agro.
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