IBGE adia Censo Agro para 2027 por falta de recursos

Instituto concluiu provas piloto e etapas de planejamento, mas afirma que coleta nacional depende da liberação de orçamento federal

IBGE adia Censo Agro para 2027 por falta de recursos
Ilustrativa

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou nesta semana que a coleta do Censo Agropecuário, uma das mais importantes pesquisas estatísticas do país sobre o setor rural, foi adiada para 2027 devido a limitações orçamentárias.

O órgão havia solicitado R$ 700 milhões para realização dos trabalhos no ano que vem. O projeto total de orçamento, apresentado inicialmente, ficou em torno de R$ 3,4 bilhões. A quantia, contudo, é sujeita a revisões.

O anúncio oficial confirmou que a coleta não ocorrerá em 2026, como anteriormente previsto, e que sua execução depende da liberação e aprovação de recursos para que o cronograma seja efetivamente cumprido. 

O que é o Censo Agro e por que ele é importante?

O Censo Agropecuário é um mapeamento estatístico abrangente realizado pelo IBGE que coleta informações detalhadas sobre todas as unidades agropecuárias do Brasil, como dados sobre área plantada, número de animais, tipos de culturas, uso de tecnologia, práticas de sustentabilidade, infraestrutura rural, acessos a crédito, mão de obra e características socioeconômicas das propriedades.

Esse levantamento é essencial para elaborar políticas públicas, pautar decisões de mercado e subsidiar análises de produção, competitividade e sustentabilidade do agronegócio.

O último Censo Agropecuário no Brasil foi realizado em 2017, e desde então pesquisadores, entidades do agro e formuladores de políticas aguardavam a atualização, prevista para 2026, inclusive com uso de drones e outras tecnologias de precisão que não existiam em 2017.   

O compilado deveria trazer dados mais atuais sobre a evolução da produção nacional de alimentos, o perfil dos produtores e o avanço de práticas tecnológicas no campo.

Etapas iniciais foram concluídas

Segundo o IBGE, o principal motivo para o adiamento da coleta é a insuficiência de orçamento público disponível para a execução da pesquisa em 2026.

No entanto, etapas iniciais de teste e planejamento, como a primeira prova piloto do 12º Censo Agropecuário, Florestal e aquícola, realizada nos estados do Maranhão, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, foram concluídas com sucesso.

O Instituto foi, inclusive, autorizado pelo governo federal a contratar 39.108 pessoas que atuarão diretamente nos dados coletados e na produção de outros estudos, como por exemplo, o Censo da População em Situação de Rua.

A função com a maior quantidade de novos contratados, 27.330, é a de Recenseador, cuja atividade é a coleta de dados. Em seguida aparece a de Agente Censitário Supervisor, para a qual está prevista a contratação de 4.143 pessoas, que atuarão na supervisão da coleta de dados.

A realização da coleta nacional, agora prevista para 2027, exige um volume bem maior de recursos humanos e financeiros que ainda não foram previstos no orçamento federal.

O Instituto ressaltou em nota que segue aguardando a aprovação do orçamento necessário para o novo cronograma do censo, que inclui a coleta de dados em todas as unidades agropecuárias do Brasil, estimadas em 5 milhões de locais, abrangendo desde pequenos agricultores familiares até grandes propriedades comerciais.

O adiamento do Censo Agro preocupa lideranças do setor agropecuário, pesquisadores e especialistas em políticas públicas por causa da lacuna de informações atualizadas que a ausência dos dados de 2026 pode causar.

Representantes do agronegócio afirmam que, apesar de dados parciais e séries estatísticas trimestrais de produção e safra estarem disponíveis, o censo é insubstituível para análises detalhadas e políticas estruturantes, dado o nível de desagregação das informações do campo.

Destino incerto

O IBGE destaca que as etapas de preparação e testes, como a recente prova piloto, são fundamentais para garantir a qualidade da pesquisa quando for realizada.

A primeira prova piloto, concluída em 2025, avaliou metodologias de coleta e ferramentas tecnológicas que serão empregadas no censo, que agora tem expectativa de começar em 2027, desde que os recursos orçamentários sejam liberados.

Enquanto isso, órgãos governamentais, entidades do setor agro e especialistas aguardam definições sobre o orçamento federal e reforçam a importância de garantir a realização da pesquisa, considerada um dos pilares da estatística oficial agrícola no Brasil.