Faesc e Conseleite pedem ações urgentes para conter crise na produção de leite
Entidades solicitam medidas aos governos estadual e federal diante da concorrência desleal e das perdas que atingem produtores e indústrias.
O avanço das importações de leite e o desequilíbrio entre oferta e demanda têm colocado produtores e indústrias catarinenses sob forte pressão. Em reunião realizada na Epagri, em Chapecó, o Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite (Conseleite-SC) e a Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc) aprovaram, por unanimidade, a elaboração de dois documentos com pedidos de medidas emergenciais aos governos estadual e federal.
O presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, alertou que o setor vive “um momento preocupante”, com custos de produção acima do preço pago pelo litro de leite e concorrência desleal com produtos importados. Segundo ele, mesmo com o aumento da produção e investimentos em qualidade, “o consumo interno não acompanhou o ritmo, e as importações do Mercosul — muitas vezes abaixo dos custos brasileiros — agravam ainda mais a situação”.
O presidente do Conseleite e do Sindileite, Selvino Giesel, destacou que as indústrias enfrentam dificuldades para armazenar produtos perecíveis como queijos, iogurtes e requeijões. “Algumas fábricas já trabalham com estoques cheios, e a validade curta limita o tempo para comercialização. Se nada for feito, pequenas indústrias podem fechar as portas”, alertou.

As entidades devem enviar ao governo federal um documento pedindo a continuidade das auditorias da CNA sobre o leite importado, a criação de estoques reguladores e o uso do leite nacional em programas sociais e de merenda escolar. Já o governo de Santa Catarina receberá proposta para reforço das inspeções sanitárias, equalização tributária e apoio à compra pública de lácteos locais, a fim de retirar o excedente do mercado e estabilizar os preços.
Pedrozo também manifestou apoio ao Projeto de Lei 768/2025, de autoria do deputado Altair Silva (PP), que proíbe a reconstituição de leite em pó importado para venda como leite fluido. A proposta, em tramitação na Assembleia Legislativa, prevê multas de até R$ 1 milhão, apreensão dos produtos e suspensão do registro sanitário em caso de descumprimento.
Uma audiência pública no dia 12 de novembro, em Florianópolis, deverá reunir produtores, cooperativas e representantes do governo para discutir alternativas que ajudem a preservar a rentabilidade da cadeia leiteira e garantir a sobrevivência dos pequenos e médios produtores, responsáveis por grande parte da produção catarinense.







Comentários (0)
Comentários do Facebook