Brasil tem recorde de empresas em recuperação judicial; agro é o mais afetado

País registrou 4.965 empresas em recuperação judicial no 2º trimestre de 2025, maior número da série histórica.

Brasil tem recorde de empresas em recuperação judicial; agro é o mais afetado
Ilustrativa

O Brasil registrou 4.965 empresas em recuperação judicial no 2º trimestre de 2025, o maior número da série histórica iniciada em 2023, segundo o Monitor RGF. 

Entre os pilares da economia, a agropecuária foi a mais pressionada, com 388 companhias em RJ, alta de 13,8% em relação ao trimestre anterior (341) e um IRJ de 11,49 — indicador que mostra a proporção de empresas em recuperação judicial a cada mil em atividade, o mais elevado entre todos os setores.

Dentro da agropecuária, o cultivo de soja liderou o avanço, passando de 124 para 155 empresas em RJ (+31).

A criação de bovinos para corte também cresceu, de 68 para 73 empresas. Já o cultivo de cana-de-açúcar permaneceu estável em 43, enquanto os serviços de preparação de terreno, cultivo e colheita subiram de 19 para 20 empresas.

O cultivo de milho manteve o mesmo patamar, com 11 companhias em RJ. 

Números gerais 

No total, o Brasil registrou 4.965 empresas em recuperação judicial no 2º trimestre, o maior número desde o início da série histórica em 2023.

O resultado representa um aumento de 1,7% frente ao 1º trimestre (4.881). Apesar do recorde, houve desaceleração: no começo do ano, a alta havia sido de 6,9%. O IRJ-RGF geral recuou levemente de 1,98 para 1,97, reflexo do aumento de cerca de 61 mil empresas ativas no país. 


Entre os demais pilares, o desempenho foi o seguinte:

Indústria: 1.121 empresas em RJ (+0,8%), IRJ de 6,33;
Construção, energia e saneamento: 983 (–0,9%), IRJ de 4,01;
Comércio: 1.003 (+0,7%), IRJ de 1,58;
Serviços: 1.127 (+2,0%), IRJ de 0,94;
Outros: 343 (variação marginal).
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Destino das empresas que saíram da RJ 

Das 147 empresas que encerraram seus processos de recuperação no trimestre, 58% retornaram à operação ativa e fora da supervisão judicial, 29% foram à falência e 13% foram baixadas ou suspensas por pendências cadastrais. 

Segundo Rodrigo Gallegos, sócio da RGF e especialista em reestruturação, o diagnóstico vale para o conjunto das empresas brasileiras: “O cenário ficou mais duro: além do crédito restrito e das altas taxas de juros, a instabilidade global aumentou. Quem foca no caixa, renegocia com critério e ajusta a operação com velocidade atravessa este tipo de ciclo melhor”.

O Monitor RGF da Recuperação Judicial é uma plataforma inédita que reúne dados oficiais da Receita Federal e acompanha a evolução da saúde financeira de empresas de pequeno, médio e grande porte no Brasil (exceto MEIs, ONGs, estatais e filiais).