Instituto repudia ameaça a produtores e defende direito à recuperação judicial

Ibajud pede retratação do Banco do Brasil após declaração de que agricultores endividados não teriam mais acesso a crédito.

Instituto repudia ameaça a produtores e defende direito à recuperação judicial
Ilustrativa

Instituto Brasileiro da Insolvência (Ibajud) divulgou nota oficial de repúdio às declarações do vice-presidente de Riscos do Banco do BrasilFelipe Prince, que afirmou que produtores rurais que ingressarem com pedido de recuperação judicial “não terão crédito hoje, amanhã nem nunca mais”.

Na manifestação, o Ibajud classificou a fala como incompatível com o Estado Democrático de Direito e uma ameaça ao exercício de um direito previsto em lei, ressaltando que a recuperação judicial, instituída pela Lei nº 11.101/2005, é um instrumento legítimo de reorganização econômica, criado para preservar empresas, empregos e a continuidade das atividades produtivas.

O instituto afirmou que retaliar ou punir produtores por recorrerem à Justiça viola princípios constitucionais e de ordem econômica, além de aumentar a insegurança jurídica e comprometer o equilíbrio do setor agropecuário. “Nenhuma instituição financeira pode excluir quem busca amparo legal supervisionado pelo Judiciário”, diz o texto da nota.

O documento, assinado pelo diretor administrativo Luiz Alexandre Cristaldo, pelo presidente Breno Miranda e pelo vice-presidente Bruno Rezende, também pede que o Banco do Brasil reveja suas declarações e práticas, reafirmando o papel que se espera de um banco público: o de promover o desenvolvimento sustentávelrespeitar a legalidade e contribuir para a estabilidade econômica e jurídica do país.

A repercussão ocorre em um momento em que cresce o número de produtores rurais que recorrem à recuperação judicial para reestruturar dívidas, especialmente após períodos de seca e volatilidade de preços. Segundo especialistas, o instituto legal tem sido fundamental para preservar propriedades produtivas e evitar falências no campo, o que reforça a preocupação com eventuais restrições de crédito motivadas por esse tipo de ação.