Manifestantes invadem área da COP30, ferem seguranças e bloqueiam saída na Zona Azul

Confronto ocorreu após grupo tentar acessar área diplomática da conferência em Belém

Manifestantes invadem área da COP30, ferem seguranças e bloqueiam saída na Zona Azul
Ilustrativa

A noite da terça-feira (11), o segundo dia da COP30, em Belém (PA), foi marcada por cenas tensas entre manifestantes e a segurança da zona diplomática da conferência.

Grupos indígenas e ativistas climáticos romperam barreiras instaladas na entrada da chamada Zona Azul — área restrita aos delegados oficiais — e tentaram forçar o acesso ao evento.

A invasão deixou quatro seguranças feridos e bloqueou, por alguns minutos, a saída de pessoas credenciadas que estavam dentro da Blue Zone. O incidente se deu após coletiva com o balanço do dia.

Não há informações de detidos.

Imagens divulgadas por emissoras de tevê revelam que dezenas de pessoas empurraram barricadas improvisadas com mesas, aos gritos de slogans como “nossa terra não está à venda” e “não podemos comer dinheiro”.

Em resposta, os seguranças ergueram mesas e portas para bloquear a passagem e agiram para conter os invasores.

Motivações 

As comunidades envolvidas alegam que, embora a COP30 se apresente como a “COP da Amazônia”, os povos indígenas e ribeirinhos continuam fora das decisões que afetam diretamente suas vidas, territórios e modos de produção. 

A extração de petróleo, a mineração e o desmatamento foram citados como ameaças centrais em cartazes e discursos.

“Queremos que nossas vozes sejam ouvidas. Não é mais aceitável que se decidam políticas sobre a Amazônia sem nós”, declarou Nato, líder indígena presente no protesto.

E o agro?

As negociações climáticas não estão dissociadas de contextos produtivos, como a soja, o algodão, o café ou a pecuária que se expandem na Amazônia.

A pressão por maior inclusão e transparência pode levar a exigências regulatórias mais fortes sobre uso da terra, rastreabilidade de cadeia produtiva e responsabilidades socioambientais de empresas rurais.

Por outro lado, a escalada de protestos pode gerar instabilidade ou atrasos em decisões que afetam o financiamento climático, que também pode travar investimentos em tecnologias agrícolas sustentáveis.

E agora?

A organização da conferência confirmou que o recinto foi totalmente restabelecido e que as negociações prosseguem normalmente.

Contudo, resta saber de que forma os organizadores e os países participantes irão responder às demandas levantadas pela sociedade civil.

Afinal, haverá abertura de canais de interlocução relevantes com povos indígenas e organizações locais durante a COP?

Na COP, governador da Califórnia detona Trump

Uma das raras autoridades norte americanas presentes na COP30, o governador democrata da Califórnia, Gavin Newsom, tem criticado abertamente a ausência de uma comitiva americana no evento.

"[A ausência] é uma abominação, uma desgraça", disse Newsom a repórteres.

"Eu estou aqui para que os EUA não seja uma falha neste debate. Eu não quero que o que acontece em Washington (capital dos EUA) molde a percepção de vocês sobre o meu país", afirmou, em coletiva à imprensa no final do dia, ao lado da CEO da COP30, embaixadora Ana Toni.

"Os EUA são tão burros quanto podem ser neste momento, mas o estado da Califórnia não é", disparou contra Trump. "Então, nós vamos nos alinhar e nós vamos competir por este espaço", disse o governador californiano.

Newson avalia que os estados americanos podem, e devem, seguir com a transição energética a despeito de Trump, já que, pela constituição americana, os entes federativos têm muito mais força do que os estados brasileiros, por exemplo. Ele garante haver o que chamou de “federação” de estados contrário à política climática de Trump. “Somos 24 governadores, ou seja, 55% do eleitorado.” 

O democrata, que classificou o tarifaço como ilegal, ainda assinou um documento de cooperação para assuntos do clima, junto ao Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas.