Preço do milho se firma com produtor focado na semeadura
A semeadura do milho dita o ritmo do mercado nacional
Enquanto as máquinas trabalham a todo vapor no campo, o mercado de milho vive um momento de duas velocidades. De um lado, no Brasil, os produtores estão com total atenção voltada para a semeadura da safra de verão, o que resulta em uma menor oferta do grão no mercado e, consequentemente, preços mais firmes.
Do outro lado, o cenário internacional aponta para uma queda nas cotações, pressionada por expectativas de uma produção mundial robusta. Essa dinâmica cria um ambiente complexo e desafiador, exigindo que o produtor rural esteja mais atento do que nunca às informações que vêm tanto da sua lavoura quanto dos principais mercados globais. Entender como essas forças interagem é fundamental para tomar as melhores decisões de manejo e comercialização nos próximos meses.
O cenário do milho no mercado interno
Quem acompanha o dia a dia do agronegócio sabe que o foco do produtor define o ritmo do mercado. Atualmente, a prioridade absoluta é garantir que a safra de verão seja implantada nas melhores condições possíveis. Esse esforço concentrado na semeadura significa que a comercialização do milho que ainda está em estoque fica em segundo plano. Com menos vendedores ativos, a oferta do grão diminui, e a lei da oferta e da procura faz sua parte, sustentando os preços em patamares mais elevados na maioria das regiões produtoras do país.
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a demanda também se mostra contida. Os compradores, como indústrias de ração e de etanol, estão realizando negócios de forma pontual, apenas para recompor seus estoques e garantir a operação. Não há uma corrida para a compra, o que equilibra o mercado. Essa situação tende a persistir enquanto as atividades de plantio estiverem a pleno vapor, criando uma janela de preços sustentados internamente, mesmo com a pressão vinda do exterior.
O avanço da semeadura da safra de verão
O sucesso de uma safra começa muito antes da colheita, e a etapa da semeadura é talvez a mais crítica de todo o ciclo. É nesse momento que o potencial produtivo da lavoura é estabelecido. A boa notícia é que, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os trabalhos no campo estão avançando bem. Até meados de novembro, mais da metade da área destinada à safra de verão de milho, precisamente 52,6%, já havia sido semeada em todo o Brasil. Esse número representa um avanço semanal significativo de quase 5 pontos percentuais.
Embora haja um leve atraso de 0,4 ponto percentual em comparação com a média dos últimos cinco anos, o cenário é considerado positivo e dentro da normalidade. A janela de semeadura ideal é crucial para que a planta se desenvolva com o clima favorável, evitando períodos de estresse hídrico ou excesso de chuvas em fases críticas. Portanto, a conclusão bem-sucedida da semeadura nas próximas semanas será determinante para o volume de milho que o Brasil ofertará ao mercado em 2026.
Como o mercado internacional influencia o Brasil
Enquanto o produtor brasileiro se concentra na semeadura, o mercado global opera com outra lógica. As estimativas de uma maior produção mundial de milho para as safras 2024/25 e 2025/26 estão pressionando as cotações para baixo na Bolsa de Chicago, que é a principal referência de preços para as commodities agrícolas. Basicamente, a expectativa de uma oferta global abundante tende a baratear o produto no mercado internacional. No entanto, o cenário não é tão simples.
Um fator importante tem limitado quedas mais acentuadas: a forte demanda pelo milho dos Estados Unidos. Os norte-americanos, nossos principais concorrentes, estão com um bom ritmo de vendas, o que ajuda a enxugar parte do excedente global e dá algum suporte aos preços. Para o produtor brasileiro, isso significa que, embora a pressão externa exista, a dinâmica da demanda global, especialmente de grandes compradores, pode criar oportunidades e evitar uma desvalorização drástica do grão no mercado de exportação.

Exportações brasileiras seguem em ritmo forte
Apesar do cenário internacional desafiador, o Brasil continua se destacando como um grande exportador. Os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que os embarques de milho em novembro estão mais intensos do que no ano anterior. A média diária de embarques está 7,6% acima da registrada em novembro de 2024. Nos primeiros dez dias úteis do mês, o país já exportou 2,67 milhões de toneladas do grão.
Se esse ritmo for mantido até o final do mês, as exportações brasileiras de milho podem alcançar a expressiva marca de 5 milhões de toneladas. Esse desempenho robusto é fundamental por duas razões. Primeiro, ajuda a escoar a produção nacional, aliviando a pressão sobre os estoques internos. Segundo, gera receita para o país e para o produtor, que consegue acessar um mercado dolarizado, aproveitando oportunidades de câmbio favorável. A força dos nossos portos reafirma a competitividade do agronegócio brasileiro no cenário mundial.
Planejamento para uma safra de sucesso
Diante de um quadro com preços internos firmes, cotações externas voláteis e a crucial etapa de semeadura em andamento, o planejamento se torna a ferramenta mais valiosa do produtor. Não basta apenas garantir um bom plantio; é preciso gerenciar os riscos e as oportunidades que o mercado apresenta. A gestão eficiente da propriedade envolve uma visão integrada de todas essas variáveis.
Para navegar neste cenário, algumas práticas são essenciais no dia a dia do produtor:
- Acompanhar de perto as previsões climáticas para a sua região, ajustando o manejo da lavoura conforme necessário após a semeadura;
- Realizar uma gestão de custos rigorosa, controlando os gastos com insumos, defensivos e combustível;
- Avaliar as ferramentas de comercialização disponíveis, como a venda futura ou o mercado de opções, para travar preços de venda e proteger sua margem de lucro.
O momento atual, com o foco na semeadura, é de investimento e expectativa. A atenção se volta para o clima e o desenvolvimento inicial das lavouras, que definirão a oferta futura. Ao mesmo tempo, os olhos devem estar no cenário macroeconômico, observando como a demanda internacional e o desempenho das exportações vão influenciar a rentabilidade da safra que está começando a nascer. O equilíbrio entre o trabalho no campo e a análise do mercado será, mais uma vez, o grande diferencial para o sucesso do produtor de milho.
AGRONEWS








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