Cidades exportadoras pressionam governo por medidas urgentes contra impacto do tarifaço dos EUA

Prefeitos e prefeitas de cidades brasileiras diretamente impactadas pelas novas tarifas impostas pelos Estados Unidos reuniram-se nesta segunda-feira (4) para articular uma resposta coordenada à crise que se desenha.

Cidades exportadoras pressionam governo por medidas urgentes contra impacto do tarifaço dos EUA
Ilustrativa

Prefeitos e prefeitas de cidades brasileiras diretamente impactadas pelas novas tarifas impostas pelos Estados Unidos reuniram-se nesta segunda-feira (4) para articular uma resposta coordenada à crise que se desenha. Com a exportação comprometida e o risco iminente de demissões em massa, retração econômica e queda na arrecadação, os municípios cobram ações do governo federal e do BNDES para mitigar os efeitos do tarifaço.

O encontro, promovido pela Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP), resultou em dois principais encaminhamentos: o pedido de audiência com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. Além disso, a FNP pretende ampliar o diálogo com a United States Conference of Mayors (USCM), entidade homóloga nos EUA, com o objetivo de manter abertos os canais de negociação e construir alternativas diplomáticas à crise.

Impacto nos municípios exportadores

Cidades com forte vocação exportadora — especialmente do setor agroindustrial e de base — já relatam perdas. Em Petrolina (PE), por exemplo, cerca de 70% da produção de frutas tem como destino o mercado norte-americano, movimentando US$ 86 milhões por ano.

“Um terço da população depende diretamente dessa cadeia produtiva. Se não houver resposta rápida, o impacto social será devastador”, afirmou o prefeito Simão Durando.

Outros municípios, como Santo André (SP), Contagem (MG), Joinville (SC) e Cachoeiro de Itapemirim (ES), já registram férias coletivas em empresas dos setores metalmecânico, borracha, móveis e rochas ornamentais. Um levantamento da própria FNP indica que cidades do Vale do São Francisco, Paraná, Minas Gerais e Espírito Santo estão entre as mais vulneráveis à escalada protecionista dos EUA.

Pauta emergencial ao governo federal

Entre os principais pleitos levados pela FNP ao governo federal estão:

  • Compensação financeira por perdas na arrecadação municipal;

  • Ampliação dos prazos e condições de crédito rural pelos bancos públicos;

  • Diversificação da matriz produtiva local com apoio a novos mercados;

  • Criação de um plano emergencial de proteção ao emprego, nos moldes do adotado durante a pandemia da Covid-19.

Dados da Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) apontam que as novas tarifas podem afetar diretamente 10 mil empresas brasileiras, responsáveis por mais de 3 milhões de empregos.

Unidade entre os municípios

A secretária-geral da FNP, prefeita Margarida Salomão (Juiz de Fora/MG), reforçou a necessidade de articulação internacional.

“É fundamental que mantenhamos o diálogo com prefeitos norte-americanos por meio da USCM. A crise não é apenas comercial, é social, e precisamos proteger as famílias e trabalhadores das nossas cidades”, afirmou.

Participaram da reunião 18 prefeitos e prefeitas de todas as regiões do país. A expectativa é que os encontros com o vice-presidente Alckmin e com o BNDES ocorram ainda nesta semana. Enquanto isso, as prefeituras buscam medidas locais para mitigar os primeiros impactos da crise.

 

Com informações da FNP