Estados mais expostos ao mercado americano devem perder até R$ 19 bilhões com tarifaço de Trump

Com a entrada em vigor do tarifaço anunciado pelos Estados Unidos a partir de 1º de agosto, os estados brasileiros mais dependentes do mercado norte-americano podem sofrer um impacto econômico bilionário.

Estados mais expostos ao mercado americano devem perder até R$ 19 bilhões com tarifaço de Trump
Ilustrativa

Com a entrada em vigor do tarifaço anunciado pelos Estados Unidos a partir de 1º de agosto, os estados brasileiros mais dependentes do mercado norte-americano podem sofrer um impacto econômico bilionário. Segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), baseado em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a medida pode gerar perdas superiores a R$ 19 bilhões no país.

Os estados mais afetados são aqueles com maior concentração de exportações destinadas aos EUA, como Ceará, Espírito Santo e Paraíba. No caso cearense, por exemplo, quase metade das exportações em 2024 teve como destino o mercado americano, especialmente produtos da indústria de transformação, com destaque para a metalurgia. A perda estimada para o estado é de R$ 190 milhões.

No Espírito Santo, as vendas externas para os EUA representaram 28,6% do total exportado, com destaque para metalurgia, minerais não metálicos e celulose. O impacto pode chegar a R$ 605 milhões. Já na Paraíba, 21,6% das exportações seguiram para o mercado norte-americano, sobretudo alimentos e couro, com prejuízo estimado de R$ 101 milhões.

Estados do Sul e Sudeste também aparecem entre os mais prejudicados em termos absolutos. São Paulo, maior exportador do país, pode registrar perdas superiores a R$ 4,4 bilhões, o equivalente a uma retração de 0,13% no PIB estadual. Rio Grande do Sul e Paraná vêm na sequência, com impactos de R$ 1,9 bilhão cada, enquanto Santa Catarina pode perder R$ 1,7 bilhão e Minas Gerais, R$ 1,6 bilhão.

Na Amazônia, o Amazonas aparece entre os mais atingidos, com queda de R$ 1,1 bilhão no PIB — maior impacto proporcional entre todos os estados, com retração estimada de 0,67%. O Pará também pode amargar prejuízo de até R$ 973 milhões, mesmo com baixa dependência percentual dos EUA (3,6%), devido ao volume total exportado, sobretudo da metalurgia.

Apesar de menos dependentes das exportações para os EUA, estados do Centro-Oeste como Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul somam perdas que ultrapassam R$ 1,9 bilhão. No Nordeste, Bahia, Pernambuco e o próprio Ceará concentram os maiores impactos.

Os estados menos afetados financeiramente são Roraima, Sergipe, Acre, Piauí e Amapá, com perdas estimadas entre R$ 13 e R$ 36 milhões. Já em relação à baixa exposição comercial, Roraima lidera com apenas 0,3% de suas exportações destinadas aos EUA.

O presidente da CNI, Ricardo Alban, alerta que “a imposição do expressivo e injustificável aumento das tarifas americanas traz impactos significativos para a economia nacional, penalizando setores produtivos estratégicos e comprometendo a competitividade das exportações brasileiras”.

A medida foi anunciada pelo governo do ex-presidente Donald Trump sob justificativas comerciais e políticas, e tem sido duramente criticada por representantes do governo brasileiro e de diversos setores da economia.

 

Com informações da CNI