Missão brasileira em Angola amplia cooperação agrícola
A cooperação agrícola entre Brasil e Angola abre novos caminhos para o desenvolvimento e a segurança alimentar em ambos os países.
O agronegócio brasileiro, reconhecido globalmente por sua eficiência e tecnologia tropical, está consolidando uma parceria estratégica com Angola. Liderada pelo Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, a mais recente missão oficial ao país africano, que se estendeu de 18 a 22 de março, sublinha o compromisso mútuo em aprofundar laços comerciais e técnicos. Esta é a terceira visita de Fávaro a Angola, evidenciando a prioridade que o governo brasileiro atribui a essa relação. O objetivo é claro: transformar o potencial em realidade, com foco na troca de conhecimentos e na expansão do comércio, beneficiando produtores e consumidores em ambas as nações.
O contexto da cooperação agrícola Brasil-Angola
A relação entre Brasil e Angola no setor agropecuário tem raízes históricas, mas ganhou um novo impulso nos últimos anos. Em julho, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) deram um passo fundamental ao criar o Grupo de Trabalho Interministerial Brasil-Angola (GTI BR-AO). Essa iniciativa é a espinha dorsal de um programa ambicioso de investimento produtivo agropecuário, desenhado para fortalecer a cooperação agrícola técnica, comercial e institucional. A ideia é compartilhar a vasta experiência brasileira em agricultura tropical, adaptando-a às necessidades e ao potencial angolano, que possui terras férteis e grande necessidade de desenvolvimento no setor.
Para o produtor rural brasileiro, essa aproximação significa novas oportunidades. Exportar para Angola, por exemplo, não é apenas vender produtos, mas também consolidar a imagem do Brasil como um parceiro confiável e de qualidade. O fluxo de informações e as visitas técnicas, como as lideradas pelo ministro, servem para identificar gargalos e soluções, pavimentando o caminho para um intercâmbio mais robusto. Essa via de mão dupla é essencial para que a cooperação agrícola seja duradoura e traga benefícios tangíveis para ambos os lados.
Exportações em ascensão e o potencial do agronegócio
Os números não mentem: as exportações brasileiras para Angola estão em uma trajetória ascendente. Há dois anos, o volume mensal superava consistentemente os US$ 60 milhões, um marco que reflete a crescente demanda angolana por produtos de alta qualidade. De janeiro a julho de 2025, o Brasil alcançou a impressionante marca de US$ 347,7 milhões em exportações para Angola, um aumento de 19,80% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Essa expansão é um sinal claro de que o mercado angolano está receptivo e que o agronegócio brasileiro tem muito a oferecer.
A pauta de exportação é diversificada e estratégica, focada em itens essenciais para a segurança alimentar e o consumo angolano. Os açúcares e melaços lideraram as vendas, representando 23% do total exportado, mostrando a importância desses produtos para a indústria alimentícia local. As carnes, um dos carros-chefes do agronegócio brasileiro, também se destacam: a carne de aves e suas miudezas responderam por 22,50%, enquanto a carne suína e bovina contribuíram com 4,40% e 3,30%, respectivamente. Esses dados, provenientes do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), reforçam a solidez da parceria comercial.

Compartilhando expertise para o desenvolvimento local
Além do comércio, a cooperação agrícola se estende à transferência de tecnologia e conhecimento. O Brasil, por meio de instituições como a Embrapa, possui um vasto acervo de soluções para a agricultura tropical, adaptadas a diversos climas e solos. A experiência brasileira em pesquisa e desenvolvimento, manejo sustentável, sistemas integrados de produção e irrigação pode ser um catalisador para o desenvolvimento agrário angolano.
“Acreditamos que a troca de experiências é fundamental para o desenvolvimento sustentável. O Brasil tem muito a compartilhar sobre como transformar desafios em oportunidades no campo, e Angola possui um potencial enorme a ser explorado com as ferramentas e o conhecimento certos.”
Essa citação, que reflete o pensamento de especialistas da Embrapa, ilustra a essência da cooperação. Imagina um produtor angolano aprendendo sobre novas variedades de culturas resistentes à seca, ou sobre técnicas de manejo de pastagens que otimizam o uso da terra. Essa troca de saberes não só aumenta a produtividade, mas também gera empregos e fortalece a cadeia produtiva local, contribuindo para a segurança alimentar do país e para a melhoria da qualidade de vida de suas populações rurais.
Impacto direto no campo e novas perspectivas
A cooperação agrícola tem um impacto direto e transformador no dia a dia do produtor. Para o agricultor angolano, as visitas técnicas e os programas de capacitação podem significar o acesso a novas sementes, maquinário mais eficiente e práticas de cultivo que aumentam a produtividade e reduzem perdas. Imagine um pequeno produtor familiar que, com o apoio técnico brasileiro, consegue dobrar sua safra de milho ou de mandioca, garantindo mais alimento para sua família e excedente para vender no mercado local.
- Aumento da produtividade por meio de técnicas de manejo sustentável.
- Acesso a sementes e mudas de maior qualidade e resistência.
- Melhoria na gestão de recursos hídricos com sistemas de irrigação eficientes.
- Capacitação em sanidade animal e vegetal, prevenindo doenças e pragas.
- Fomento à agregação de valor na produção primária, como o processamento de alimentos.
Para o produtor brasileiro, a expansão do mercado angolano representa diversificação de risco e novas fontes de receita. A demanda por produtos específicos pode incentivar investimentos em áreas com potencial de crescimento, como a produção de açúcar, carnes e até grãos. O fortalecimento dessa relação comercial abre portas para que o agronegócio nacional continue crescendo de forma sustentável, explorando mercados promissores e consolidando sua posição como um dos maiores fornecedores de alimentos do mundo.
O futuro da parceria Brasil-Angola no agronegócio
A visão de futuro para a cooperação agrícola entre Brasil e Angola é promissora e estratégica. A continuidade das missões oficiais, o trabalho do GTI BR-AO e o crescente volume de comércio indicam que a parceria está se aprofundando. Não se trata apenas de negócios, mas de um compromisso compartilhado com o desenvolvimento mútuo, a segurança alimentar e a sustentabilidade.
Ambos os países têm a ganhar. Angola, com o apoio técnico e o investimento brasileiro, pode acelerar o desenvolvimento de seu agronegócio, diversificar sua economia e garantir maior autossuficiência alimentar. O Brasil, por sua vez, fortalece sua posição diplomática e comercial no continente africano, abre novos mercados para seus produtos e tecnologias e reafirma seu papel como líder global em agricultura tropical. É uma jornada de colaboração que beneficia milhões, construindo pontes e semeando um futuro mais próspero para todos.
AGRONEWS







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