Cocal aposta no biometano e coloca em operação segunda planta no interior paulista

Unidade em Paraguaçu Paulista terá capacidade para 60 mil m³ diários e consolida o oeste do estado como polo de bioenergia

Cocal aposta no biometano e coloca em operação segunda planta no interior paulista
Ilustrativa

A usina Cocal inaugurou, em Paraguaçu Paulista, no interior de São Paulo, sua segunda planta 100% dedicada à produção de biometano - a outra fica em Narandiba (SP).

A unidade terá capacidade para gerar até 60 mil metros cúbicos por dia, consolidando o oeste paulista como um dos principais polos mundiais de biogás. 

O investimento na unidade de biometano foi de R$ 216 milhões, com 100% dos recursos vindos do Fundo Clima, do  Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

A nova usina utiliza resíduos da cana-de-açúcar — como vinhaça e torta de filtro — e esterco animal de granjas da região para a produção de biogás. Após a purificação, o combustível se transforma em biometano, considerado uma alternativa limpa ao gás natural. 

Segundo Carlos Ubiratan Garms, membro do conselho de acionistas da Cocal, o empreendimento é estratégico para o desenvolvimento regional.

“Esse projeto significa a geração de empregos e a expansão do biometano na matriz energética das empresas e indústrias da região, ou seja, uma diminuição no consumo de combustíveis fósseis em São Paulo. Com nossas duas plantas em atividade, nossa região se torna uma das principais produtoras de biometano do mundo”, afirmou. 

Logística e ciclo sustentável 

O biometano será distribuído via GNC (gás natural comprimido em cilindros transportados por caminhões). O modelo permite atender clientes industriais e comerciais de diferentes regiões.

A meta da Cocal é, no futuro, substituir o diesel dos próprios caminhões pelo biometano produzido nas plantas, completando um ciclo de transporte com emissões quase nulas.

 

Apoio do governo paulista 

A expansão da bioenergia tem recebido incentivo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) e a CETESB. Desde 2024, o estado estabeleceu procedimentos de licenciamento ambiental específicos para plantas de biocombustíveis do setor sucroenergético. 

Para o secretário executivo da SAA, Alberto Amorim, a inauguração reforça a liderança paulista na transição energética.

“Estamos abrindo, hoje, um novo livro na corrida energética do Estado, do País e do mundo. São Paulo ocupa 3% da superfície do Brasil, mas é muito mais do que isso. Temos um modelo de eficiência, de eficácia, de gestão de mudança, de inovação. E com a liderança que nós temos no governador Tarcísio de Freitas, isso cada vez mais aparece aos olhos do mundo”, declarou. 

O evento contou com a presença do governador Tarcísio de Freitas, além de autoridades como Alberto Amorim, Gilberto Kassab, Arnaldo Jardim, Mário Bragato e o prefeito de Paraguaçu Paulista, Antian Sasada. 

O “pré-sal caipira” 

Com cerca de 5,5 milhões de hectares de cana-de-açúcar, São Paulo lidera a produção nacional da cultura e amplia agora seu papel como referência em bioenergia.

O biogás gerado a partir de resíduos como bagaço, palha, vinhaça e torta de filtro pode ser convertido em biometano, cuja distribuição começa a ganhar escala em municípios como Presidente Prudente. 

O setor, que já foi decisivo para reduzir a dependência brasileira do petróleo durante a Crise do Petróleo nos anos 1970, volta a se destacar como solução estratégica em plena transição energética. 

Projeções e impacto ambiental 

De acordo com estudos da Fiesp e do governo paulista, a ampliação da produção de biometano pode criar até 20 mil empregos e reduzir em até 16% as emissões previstas nas metas climáticas do estado.

A expectativa é elevar a produção de 0,4 milhão para 6,4 milhões de metros cúbicos diários, o que representaria o atendimento de 40% da demanda paulista por gás natural.