Menor oferta sustenta preços do etanol na safra 2025/26 em São Paulo
A combinação entre menor oferta e demanda aquecida marcou a safra 2025/26 do mercado paulista de etanol, mantendo os preços firmes ao longo da temporada.
A combinação entre menor oferta e demanda aquecida marcou a safra 2025/26 do mercado paulista de etanol, mantendo os preços firmes ao longo da temporada. Dados do Cepea indicam que, na parcial do ciclo, entre abril e novembro de 2025, os Indicadores CEPEA/ESALQ mensais do etanol anidro e hidratado no estado de São Paulo superaram em 4,53% e 5,07%, respectivamente, os valores do mesmo período da safra 2024/25, em termos reais, após deflacionamento pelo IGP-M.
Segundo pesquisadores do Cepea, as usinas adotaram postura firme de venda durante praticamente toda a safra, sustentadas pela baixa disponibilidade do produto e por uma procura elevada. O destaque ficou para o etanol anidro, cuja demanda foi impulsionada pelo aumento das vendas de gasolina C em todo o país. Em São Paulo, a comercialização por meio de contratos teve participação superior à do mercado spot, refletindo uma estratégia de maior previsibilidade diante do cenário de oferta restrita.
Levantamentos do Cepea mostram que, em média, de abril a novembro, apenas 9,55% do volume total de etanol vendido pelas usinas paulistas ocorreu no mercado spot, percentual ligeiramente acima dos 9% observados na temporada anterior. Ainda assim, o predomínio dos contratos reforça o ambiente de maior cautela e de busca por estabilidade nas negociações.
As adversidades climáticas ao longo de 2025 impactaram negativamente a produtividade agrícola, reduzindo a disponibilidade de etanol na região Centro-Sul. Relatórios da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) apontam quedas sucessivas no volume de cana-de-açúcar processado no acumulado da safra, além de deterioração na qualidade da matéria-prima, medida pelo teor de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR).

Esse cenário contribuiu para o aumento do número de usinas que encerraram as atividades de moagem de forma antecipada. Até a primeira quinzena de novembro, 120 unidades já haviam finalizado a safra no Centro-Sul, frente a 70 no mesmo período da temporada anterior. A antecipação do fim da moagem pode alongar o período de entressafra, tradicionalmente concentrado entre janeiro e março, o que tende a manter o mercado mais ajustado no início de 2026.
No mercado externo, a participação brasileira foi mais limitada ao longo de 2025. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, entre abril e novembro, os embarques de etanol somaram 1,07 bilhão de litros, queda de 11,8% em relação ao mesmo intervalo de 2024. A receita obtida com as exportações totalizou US$ 567 milhões, recuo de 18% na comparação anual.
Para o Cepea, o desempenho da safra 2025/26 evidencia um setor operando sob restrições de oferta, com impactos diretos sobre preços e estratégia comercial das usinas, enquanto o mercado doméstico segue como principal sustentação da demanda em um ambiente de menor competitividade externa.








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