DDGS: Proteína do milho revoluciona nutrição animal no Brasil

A busca por alternativas nutricionais mais eficientes e sustentáveis tem impulsionado o setor agropecuário brasileiro a explorar novos ingredientes

DDGS: Proteína do milho revoluciona nutrição animal no Brasil
Ilustrativa

Nesse cenário, os DDGS, subproduto do processo de produção de etanol de milho, emergem como protagonistas, oferecendo um perfil proteico diferenciado que promete transformar a nutrição animal. O aproveitamento dos DDGS no Brasil é uma tendência crescente, trazendo benefícios tanto para a economia quanto para a produção animal.

Os Distillers Dried Grains with Solubles, ou DDGS, são o resultado da destilação e secagem de grãos de milho após a fermentação para a produção de etanol. Esse processo concentrou na matéria-prima o teor de proteína, gordura e fibra do grão original, eliminando o amido e os açúcares solúveis. Originários de países com forte indústria de biocombustíveis, como os Estados Unidos, os DDGS têm ganhado espaço significativo no mercado brasileiro de alimentos para animais, impulsionados por sua qualidade nutricional e potencial de redução de custos. A análise do comportamento dos DDGS no Brasil revela um mercado em expansão, com grande potencial de crescimento.

O Valor Nutricional dos DDGS

A composição nutricional dos DDGS é altamente variável, dependendo diretamente do grão de milho utilizado e do processo de produção. No entanto, em geral, eles apresentam um teor de proteína bruta que pode variar entre 25% e 35%, um valor consideravelmente superior ao do milho tradicional, que fica em torno de 8% a 10%. Essa proteína, caracterizada por um bom perfil de aminoácidos essenciais, como a lisina e a metionina, torna os DDGS uma fonte proteica valiosa para diversas espécies animais, incluindo aves, suínos e ruminantes.

Além da proteína, os DDGS são uma excelente fonte de energia metabolizável, devido ao seu teor de lipídios, que pode oscilar entre 10% e 15%. Essa característica contribui para o desempenho animal, impactando positivamente na taxa de crescimento e na conversão alimentar. A presença de fósforo e minerais também agrega valor ao produto, embora a disponibilidade desses nutrientes possa variar. A pesquisa em torno dos DDGS no Brasil tem se intensificado para otimizar sua inclusão em dietas.

Aplicações Práticas na Produção Animal

A versatilidade dos DDGS permite sua inclusão em diferentes formulações de rações para diversas espécies animais. Em aves, por exemplo, o uso de DDGS pode otimizar o fornecimento de proteína e energia, auxiliando no desenvolvimento muscular e na qualidade da carcaça. Contudo, é crucial observar os níveis de inclusão, pois o teor de fibra e alguns componentes podem limitar seu uso em altas proporções. A Embrapa tem realizado estudos importantes sobre o tema.

Para suínos, os DDGS também representam uma alternativa interessante para a substituição parcial de fontes proteicas mais caras, como o farelo de soja. A qualidade dos aminoácidos presentes nos DDGS contribui para o crescimento e a saúde dos animais.

Da mesma forma, na produção de ruminantes, especialmente em dietas para gado de corte e leite, os DDGS podem ser utilizados como fonte de proteína degradável e não degradável no rúmen, impactando positivamente a eficiência alimentar e a produção de leite e carne. A adoção dos DDGS no Brasil tem sido estratégica para muitas cadeias produtivas.

Desafios e Oportunidades

Apesar do potencial, a incorporação dos DDGS no mercado brasileiro enfrenta alguns desafios. A qualidade do produto pode variar entre os fornecedores, exigindo um controle rigoroso das especificações nutricionais. A logística de importação e o custo de transporte também são fatores a serem considerados, especialmente para regiões mais distantes dos portos. Um fator importante a ser observado é o teor de cinzas e gordura, que impactam diretamente na qualidade e no aproveitamento do produto.

Por outro lado, as oportunidades são vastas. O aumento da produção de etanol de milho no Brasil, impulsionado pela demanda por biocombustíveis, tende a expandir a disponibilidade de DDGS no mercado interno. Essa produção local reduz a dependência de importações e pode gerar um subproduto com características adaptadas às necessidades do mercado brasileiro.

Além disso, a pesquisa contínua em nutrição animal busca maximizar o uso dos DDGS, desenvolvendo novas tecnologias de processamento e formulação de dietas. A gestão eficaz dos DDGS no Brasil é fundamental para o sucesso de sua adoção.

Sustentabilidade e Economia Circular

A utilização dos DDGS se alinha perfeitamente aos princípios da sustentabilidade e da economia circular. Ao transformar um coproduto da indústria de biocombustíveis em um insumo valioso para a cadeia produtiva da alimentação animal, reduz-se o desperdício e agrega-se valor a todo o ciclo produtivo. Isso contribui para a eficiência do uso dos recursos naturais e para a redução do impacto ambiental da produção agropecuária. A FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) destaca a importância de tais práticas para a segurança alimentar global.

A produção de DDGS no Brasil, quando integrada à cadeia do milho e do etanol, fortalece a economia local e gera novas oportunidades de negócio. Produtores que souberem aproveitar o potencial nutricional e econômico dos DDGS terão uma vantagem competitiva no mercado. A tendência é que a demanda por esse ingrediente continue crescendo à medida que mais estudos comprovem seus benefícios e a indústria se adapte para oferecer produtos de alta qualidade. O cenário de DDGS no Brasil é promissor.

O futuro da nutrição animal no Brasil aponta para a diversificação de fontes de nutrientes, e os DDGS se consolidam como um ingrediente chave nesse processo. Sua riqueza em proteína, energia e minerais, aliada ao conceito de sustentabilidade, faz dele uma ferramenta poderosa para otimizar dietas, reduzir custos e impulsionar a eficiência produtiva em diferentes segmentos do agronegócio. A adoção consciente e estratégica dos DDGS no Brasil é um passo importante rumo a um setor agropecuário ainda mais competitivo e responsável.

AGRONEWS