Leite A2 e agro regenerativa: a fórmula para um futuro sustentável

A Alec’s Ice Cream, marca norte-americana de sorvetes produzidos com leite A2 e ingredientes de origem regenerativa, anunciou a captação de US$ 11 milhões (cerca de R$ 61 milhões) em rodada Série A liderada pela Imaginary Ventures. O investimento permitirá à empresa expandir a produção, fortalecer sua cadeia de suprimentos e apoiar fazendas na adoção de práticas agropecuárias regenerativas.

Fundada por Alec Jaffe, a empresa surgiu em 2021, em Petaluma, Califórnia, com a proposta de associar indulgência e sustentabilidade na categoria de sobremesas lácteas. Desde então, consolidou sua presença no mercado com produtos à base de leite A2 e ingredientes certificados como Fair Trade, Carbon Neutral e Regenerative Organic Certified.

O crescimento da Alec’s ganhou impulso com o lançamento das Culture Cups, versões individuais de sorvete enriquecidas com prebióticos e probióticos vivos. A formulação combina leite A2 orgânico e açúcar de cana não refinado, buscando benefícios à digestão e ao bem-estar intestinal. Segundo a empresa, a linha também reflete uma mudança no comportamento do consumidor, mais atento à origem e aos impactos ambientais dos alimentos.

Figura 1. Culture Cups da Alec’s Ice Cream

Com o novo aporte, a Alec’s Ice Cream pretende ampliar as parcerias com produtores rurais e acelerar a transição de fazendas convencionais para sistemas baseados em práticas regenerativas. Desde que passou a demandar volumes maiores de leite A2 orgânico, a empresa intensificou a busca por propriedades que se enquadrassem em seus padrões de produção:

• gado alimentado exclusivamente com pasto,
• sem confinamento,
• com bem-estar animal assegurado e manejo focado na recuperação dos ecossistemas.

Quando não encontrou fornecedores que atendessem integralmente a esses critérios, o fundador Alec Jaffe decidiu estimular a criação de novos modelos produtivos, oferecendo suporte técnico e comercial a fazendas dispostas a adotar práticas regenerativas. Hoje, quatro propriedades fornecedoras integram essa rede e são Verificadas Regenerativas pela Land to Market, programa do Savory Institute que monitora a saúde do solo e os impactos ecológicos das operações por meio da Verificação de Resultado Ecológico (EOV).

Essas fazendas aplicam o pastoreio holístico, método que busca equilibrar a lotação animal e os períodos de descanso da pastagem, evitando o sobrepastoreio e permitindo que o capim desenvolva raízes profundas, capazes de aumentar o sequestro de carbono no solo. Além disso, o sistema contribui para a retenção de água, o aumento da biodiversidade e a resiliência ecológica das áreas produtivas.

De acordo com Felipe Urioste, CEO da Land to Market, a certificação funciona como uma ferramenta de gestão ambiental e econômica: “A verificação fornece dados concretos aos produtores, permitindo que tomem decisões mais assertivas para melhorar a fertilidade do solo e, ao mesmo tempo, a rentabilidade de suas propriedades”, explica.

O modelo da Alec’s se diferencia por estabelecer relações diretas com esses produtores, sem recorrer a fornecedores genéricos ou intermediários. Essa proximidade assegura rastreabilidade total dos laticínios utilizados e permite que parte dos recursos obtidos com as vendas seja reinvestida em programas de apoio técnico e expansão das práticas regenerativas.

Para Jaffe, o propósito vai além de fabricar um produto premium: trata-se de reconfigurar a lógica de produção dos laticínios. “Queremos mostrar que a cadeia de valor dos laticínios pode ser uma força de regeneração, não apenas de extração. Se conseguirmos escalar esse modelo, os impactos positivos no solo e na atmosfera serão reais e mensuráveis”, afirma.

Atualmente, cerca de 4 milhões de hectares em todo o mundo são Verificados Regenerativos pela Land to Market, envolvendo aproximadamente 100 marcas de carne, laticínios e outros alimentos de origem animal. A Alec’s faz parte desse grupo de empresas que utilizam a certificação como meio de mensurar e comunicar resultados ambientais concretos, buscando demonstrar que o consumo cotidiano também pode apoiar a restauração dos ecossistemas.

As informações são da Forbes.