União Europeia retoma pré-listing para exportação de carne de aves do Brasil

Sistema havia sido suspenso em 2018 e volta a reconhecer a autonomia do Brasil para habilitar frigoríficos

União Europeia retoma pré-listing para exportação de carne de aves do Brasil
Ilustrativa

A União Europeia retomou a aceitação do sistema de pré-listing para as exportações brasileiras de carne de aves, incluindo frango, peru e pato, conforme comunicado do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) nesta quinta-feira (23). 

O modelo havia sido suspenso em 2018 e sua retomada representa um reconhecimento da robustez e da credibilidade do sistema de inspeção nacional.

O anúncio foi feito durante reunião em São Paulo entre o secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luís Rua, e o comissário europeu para Agricultura, Christophe Hansen. 

O que é o pré-listing 

O sistema de pré-listing permite que o próprio governo brasileiro indique os estabelecimentos habilitados a exportar carne de aves ao bloco europeu, sem necessidade de auditorias prévias por parte da União Europeia.

Na prática, o mecanismo dá autonomia ao Brasil para credenciar plantas exportadoras que atendam integralmente aos requisitos sanitários do bloco, tornando o processo mais ágil e previsível. 

O Brasil também atendeu, ainda durante a reunião, a pleitos europeus relacionados ao acesso a mercados e à facilitação de comércio, consolidando avanços concretos na pauta sanitária bilateral. 

Setor celebra retomada 

A  Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) celebrou a decisão, classificando-a como um marco positivo nas relações comerciais e sanitárias entre o Brasil e a União Europeia. 

Segundo o presidente da entidade, Ricardo Santin, a medida é resultado da confiança europeia no modelo brasileiro de inspeção e controle. 

“Com a medida, o Brasil volta a ter autonomia para indicar e habilitar estabelecimentos exportadores que cumpram integralmente os requisitos europeus, agilizando processos e ampliando a previsibilidade nas relações com a União Europeia”, afirmou. 

Atualmente, cerca de 30 plantas frigoríficas brasileiras estão habilitadas a exportar carne de frango para o bloco europeu.

Com o retorno do pré-listing, esse número deverá crescer gradualmente nos próximos meses, permitindo que novas agroindústrias e cooperativas acessem um mercado de alto valor agregado, segundo a ABPA. 

Antes da suspensão, o Brasil chegou a exportar mais de 500 mil toneladas anuais de carne de frango à União Europeia. Em 2024, foram 231,9 mil toneladas, e entre janeiro e setembro de 2025, o volume acumulado foi de 137,2 mil toneladas.

O bloco também figura entre os principais destinos da carne de peru e de pato produzidas no país. 

“A retomada do pré-listing é um avanço significativo e um sinal claro de confiança da União Europeia no sistema brasileiro de controle sanitário. O trabalho conduzido pelo ministro Carlos Fávaro, pelo secretário Luís Rua e pelo secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, vem fortalecendo a credibilidade internacional do Brasil e ampliando o acesso a mercados estratégicos”, acrescentou Santin. 

Outros temas da pauta bilateral 

Além do pré-listing, as delegações discutiram novos temas sanitários e comerciais, como a auditoria da União Europeia para avaliação do sistema brasileiro de pescados, a extensão do pré-listing para ovos e carne bovina, o reconhecimento mútuo de produtos orgânicos, a regionalização de enfermidades e a certificação eletrônica. 

Além disso, no encontro foi acertado a retomada de um mecanismo permanente de alto nível para tratar desses temas, com a próxima reunião prevista para o primeiro trimestre de 2026. 

As partes reafirmaram o compromisso com a previsibilidade e a transparência nas relações comerciais e a continuidade do diálogo para buscar soluções de interesse mútuo. 

Ainda nesta quinta-feira, o secretário Luís Rua participou da abertura da Missão Empresarial Agroalimentar da União Europeia, evento voltado à aproximação de empresários e à apresentação de oportunidades de negócios entre o Brasil e o bloco europeu. 

Por último, foram debatidas as oportunidades e benefícios para produtores brasileiros e europeus relacionados à possível conclusão do acordo Mercosul–União Europeia.