Ministério da Agricultura suspende uso de vacina após morte de mais de 100 animais no Piauí

Episódio reacende a preocupação com a segurança de insumos agropecuários no Brasil

Ministério da Agricultura suspende uso de vacina após morte de mais de 100 animais no Piauí
Ilustrativa

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) suspendeu de forma imediata o uso da vacina Excell 10, dos lotes 016/2024 e 018/2024, após a morte repentina de mais de 100 animais, entre bovinos, caprinos e ovinos, nos municípios de Simões e Curral Novo do Piauí.

A decisão foi tomada após relatos de produtores locais e comunicada oficialmente na quarta-feira (20). A informação é do G1.

A pasta informou que amostras do imunizante foram recolhidas e encaminhadas para análise laboratorial, a fim de identificar possíveis falhas no processo de fabricação, armazenagem ou aplicação.

Investigações em andamento

O Mapa apura o caso em conjunto com a Agência de Defesa Agropecuária do Piauí (Adapi) e a Universidade Federal do Piauí (UFPI). Enquanto os laudos não são concluídos, os produtores foram orientados a interromper imediatamente o uso da vacina.

A pasta destacou que também está avaliando se houve falhas na conservação ou erros durante a aplicação. A suspeita inicial é de que as mortes estejam relacionadas à vacinação contra clostridiose, mas a causa exata ainda não foi confirmada.

Nota da empresa 

Em comunicado ao G1, a fabricante da vacina afirmou estar colaborando com as investigações.

“Estamos acompanhando a situação com máxima atenção e já tomamos todas as providências necessárias para identificar as causas. As análises estão em andamento e trabalhamos para que os resultados e atualizações sejam divulgados o mais breve possível. Reiteramos nosso compromisso com a qualidade, eficácia e segurança de nossos produtos e com o apoio técnico aos profissionais e criadores que confiam em nossa marca.”

Com a decisão do Mapa, o uso dos lotes suspensos fica proibido em todo o país, mesmo nos casos em que o produto já havia sido adquirido.


Impacto regional

De acordo com o secretário de Desenvolvimento Rural de Simões, Rosenalvo Coelho, as mortes começaram cerca de 10 dias após a vacinação, em julho de 2025. Além de Simões e Curral Novo, outros municípios piauienses — como Jatobá do Piauí e São Francisco de Assis do Piauí — também registraram mortes. Casos semelhantes foram relatados em Sergipe, Rio Grande do Norte e Maranhão. 

Crise anterior: cavalos mortos por ração contaminada

O episódio reacende a preocupação com a segurança de insumos agropecuários no Brasil. Em julho, o Mapa confirmou a morte de 284 cavalos em diferentes estados devido ao consumo de rações contaminadas produzidas pela empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda. 

As análises, realizadas pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA), identificaram a presença de alcaloides pirrolizidínicos, especialmente a monocrotalina — substância tóxica incompatível com a alimentação animal.

Embora o governo reconheça oficialmente 284 óbitos, o grupo “Vítimas da Nutratta” afirma que o número real pode superar 800 cavalos. Os casos foram registrados em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas.