Parlamentares dos EUA criticam Trump por ameaça de guerra comercial com o Brasil
Senadores alertam para riscos econômicos e diplomáticos de tarifas de 50% em retaliação à investigação contra Bolsonaro
Um grupo de senadores democratas dos Estados Unidos encaminhou uma carta ao presidente Donald Trump condenando duramente a ameaça de imposição de tarifas de 50% sobre todas as importações vindas do Brasil. A medida foi anunciada pelo republicano como forma de pressionar o governo brasileiro a suspender o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A carta, enviada em 24 de julho, classifica a ação como “um claro abuso de poder” e alerta que o uso da economia americana para interferir no sistema judicial soberano do Brasil estabelece um precedente perigoso.
“Usar todo o peso da economia americana para interferir nesses processos em nome de um amigo é um uso grotesco de poder, mina a influência dos EUA no Brasil e pode prejudicar nossos interesses mais amplos na região”, afirmam os parlamentares.
O documento destaca que os EUA mantêm superávit comercial com o Brasil desde 2007, alcançando US$ 7,4 bilhões em 2024, o que desmonta qualquer justificativa econômica para a retaliação. Os senadores também criticam a imposição de sanções de visto a juízes brasileiros envolvidos no caso Bolsonaro, anunciadas por Trump no dia 18 de julho.
Além dos danos econômicos, com impacto potencial sobre mais de 130 mil empregos nos EUA e aumento nos preços de produtos importados do Brasil – incluindo quase US$ 2 bilhões em café –, os parlamentares alertam para o risco geopolítico: a possível aproximação do Brasil com a China. Segundo o grupo, empresas estatais chinesas já investem em infraestrutura no país e a retaliação americana poderia acelerar esse alinhamento.
“Devemos priorizar relações econômicas mutuamente benéficas, eleições democráticas livres e justas e o combate à influência da China na América Latina”, diz o texto assinado por senadores como Tim Kaine, Richard Durbin, Adam Schiff, Jeanne Shaheen e Raphael Warnock.
O grupo exorta Trump a reconsiderar suas ações, defender a previsibilidade nas relações comerciais e evitar uma guerra tarifária que possa se voltar contra os próprios interesses dos Estados Unidos. A carta também reafirma o apoio à independência do sistema judiciário brasileiro, que processa Bolsonaro por tentativa de golpe e ataques à democracia após as eleições de 2022.
A tensão surge em um momento sensível das relações bilaterais, com o Brasil firmando acordos comerciais estratégicos e ampliando sua presença no comércio internacional. O governo brasileiro ainda não se manifestou oficialmente sobre a carta, mas fontes diplomáticas em Brasília consideram o gesto do Senado americano uma sinalização relevante de apoio à soberania nacional.
Assinam a carta 11 senadores democratas dos EUA.








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