Agropecuária do tráfico: criminosos vendiam ketamina para todo o país

Publicado no dia 05/12/2023 às 10h39min
Agropecuária do tráfico: criminosos vendiam ketamina para todo o país

Nas primeiras horas desta terça-feira (5/12), a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) desencadearam uma megaoperação conjunta para desmantelar uma organização criminosa que conduzia o maior esquema de tráfico de ketamina do país.
As engrenagens que movimentavam o tráfico interestadual da droga contava com uma sofisticada rede de distribuição do anestésico animal Cetamim. Articulados, os traficantes criaram, ainda em 2021, uma empresa agropecuária de fachada constituída com o único propósito de comercializar ilegalmente centenas medicamentos veterinários controlados.

A Operação “My Key Style” cumpre 23 mandados de busca e apreensão, sendo 14 em São Paulo, cinco no Rio de Janeiro e quatro em Brasília, além de seis mandados de prisão, sendo quatro em São Paulo e dois no Rio de Janeiro. A Justiça também determinou a apreensão de veículos e o bloqueio de diversas contas bancárias. A operação teve a participação da 4ª Promotoria de Entorpecentes do DF e do Ministério de Agricultura (MAPA).

Inovação no tráfico

De acordo com as investigações conduzidas pela Coordenação de Repressão às Drogas (Cord), até a identificação da organização criminosa, o tráfico de ketamina envolvia veterinários ou estabelecimentos que revendiam ilegalmente parte dos medicamentos adquiridos por eles.

Normalmente, ocorria o desvio de um percentual da substância adquirida que entrava no mercado ilegal. Essas vendas clandestinas eram omitidas ou dissimuladas nos relatórios enviados para o Ministério da Agricultura. A organização criminosa inovou montando um esquema em que toda a atuação empresarial seria voltada para o mercado clandestino.
A agropecuária de fachada, peça central do esquema criminosos, foi criada com a utilização de documentação falsa, exclusivamente para a aquisição de Cetamina e de sua distribuição ao menos para Rio de Janeiro, Pará, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal.

Movimentação milionária
Com toda a estrutura montada, os traficantes passaram a comprar grandes quantidades de medicamentos veterinários controlados junto à indústria e a grandes distribuidores. O esquema prosperou rapidamente e a empresa agropecuária tornou-se o maior cliente de uma das empresas fabricantes da Cetamina.

Apenas no último ano, a organização criminosa movimentou R$ 7 milhões em Cetamina e outros medicamentos. Ainda segundo as investigações, a aquisição da droga junto à indústria se dá pelo valor unitário da ampola de R$ 90 a R$ 100, enquanto ao ser vendida aos traficantes locais, cada ampola pode chegar ao valor de R$ 400.

Para cumprir todos os requisitos administrativos e receber a autorização de comercializar os medicamentos controlados, supostamente de forma legal, o esquema precisava de um médico veterinário responsável pelas aquisições das substâncias restritas.
É nesse momento que foi cooptada uma veterinária, apontada no contrato social da empresa como responsável técnica, e que foi cadastrada no sistema de controle de aquisições de medicamentos controlados do Ministério da Agricultura.

A droga

O Cetamim é um medicamento controlado e tem na sua composição a cetamina. Essa substância, quando desidratada, é vendida como droga e ganha a denominação de ketamina, ou “Key”. Trata-se de uma droga de uso recreativo e cuja difusão vem apresentando significativo incremento nos últimos anos, em decorrência da popularização do seu consumo em festivais de música eletrônica.

(Metrópoles)


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Fonte: Conteúdo MS