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Agronegócio

Milho: contrato maio da B3 supera R$ 100 pela primeira vez

Segundo consultor, é questão de dias para que o preço bata esse patamar, podendo chegar até R$ 120 por saca no futuro próximo

Na B3, o contrato do milho com vencimento em maio chegou a R$ 100 por saca no pregão desta terça-feira, 6. Porém, a cotação recuou um pouco, rondando R$ 99.

De acordo com o sócio-diretor da Pátria Agronegócios, Matheus Pereira, esse cenário vem se desenhando há muito tempo, com a demanda mundial superando a produção do cereal. Hoje, segundo ele, o déficit é de 20 milhões de toneladas. “Este é o grande propulsor deste movimento de alta: o crescimento do lado comprador, a maior agressividade da demanda”, afirma.

Além disso, no Brasil, pesa a quebra na safra de verão e o temor com a segunda safra de milho, que foi cultivada fora da janela ideal em parte do Centro-Norte.

Matheus Pereira diz que a saca de milho já se aproxima de R$ 100 no Brasil, e esse é um patamar psicológico que deve ser rompido em alguns dias ou semanas. Para ele, o produto pode chegar a R$ 110/R$ 120, se o quadro se mantiver como está.

Para o analista de mercado, caso o produtor brasileiro tenha uma safra regular, a produção das três safras do cereal devem totalizar 107 milhões de toneladas. Isso, segundo ele, é o suficiente para abastecer o mercado interno e as exportações.

“Mas é só o suficiente. Qualquer variação negativa que a gente tenha, com problemas climáticos nas próximas semanas, a gente vai ter comprador ficando sem milho”, pontua.

Do lado da demanda, o setor de carnes brasileiro já está sofrendo com os altos custos do milho, que é usado na ração. Para os pecuaristas, o cereal em torno de R$ 85 por saca não é sustentável, e eles estão procurando produtos substitutos.

Para o comprador internacional, o cereal brasileiro continua muito barato, o que dá fôlego às exportações. “O milho em dólares por tonelada está muito longe de bater recorde. Nosso milho ainda é relativamente barato em relação a picos no passado”, diz.

Mas os embarques não devem crescer muito no curto prazo, pois é menos competitivo que o cereal dos Estados Unidos, pelo menos até junho. A partir desse mês, é possível que o Brasil exporte um pouco mais, atraindo até mesmo a demanda chinesa.

Diante desse quadro, Matheus Pereira afirma que é provável que o setor de proteína animal terá que importar mais milho do que em anos anteriores, podendo bater recordes.

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