Segunda safra de milho em alta com possibilidade de recorde nacional

A segunda safra de milho se consolida como um motor de crescimento para o agronegócio brasileiro, impulsionando a produção de alimentos e biocombustíveis.

Segunda safra de milho em alta com possibilidade de recorde nacional
Ilustrativa

O agronegócio brasileiro mostra sua força mais uma vez, com projeções animadoras para a segunda safra de milho. De acordo com as últimas estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção da temporada 2025/26 deve alcançar um volume expressivo de 109 milhões de toneladas, superando em 5,5% o recorde anterior. Esse desempenho robusto é resultado de uma combinação de fatores, incluindo a expansão da área plantada em algumas regiões e a busca por culturas que ofereçam melhor retorno financeiro aos produtores, como é o caso do milho em detrimento do feijão em algumas lavouras paranaenses. A importância dessa safra se estende para além da produção de grãos, impactando diretamente a cadeia de bioenergia com um aumento significativo na produção de etanol de milho, estimada em 8 bilhões de litros.

Condições climáticas favoráveis e planejamento

Sistema TempoCampo, em seu boletim de agosto, destacou uma maior frequência de chuvas nas regiões Norte e Sul do país. Enquanto o Norte apresentou um volume acumulado menor em comparação a julho, com valores de até 210 mm concentrados principalmente no Amazonas e em Roraima, a região Sul demonstrou uma melhora considerável. No Paraná, os volumes de chuva variaram de 30 a 120 mm, e em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, esses índices superaram os 120 mm. Essa umidade mais adequada é crucial para o desenvolvimento das lavouras, impactando positivamente o armazenamento de água no solo. Embora o Norte tenha registrado umidade abaixo de 60%, e o Nordeste tenha enfrentado índices abaixo de 15% em grande parte do território, as regiões Sul e Centro-Oeste, com destaque para o Mato Grosso do Sul alcançando 45% e o Sul com índices entre 45% e 75% em algumas áreas, mostram um cenário mais promissor.

As temperaturas máximas de agosto foram um ponto de atenção em quase todo o país, com médias acima de 31 °C no Norte e valores superiores a 35 °C em áreas do Tocantins. O Nordeste também sentiu o calor, com Maranhão e Piauí registrando temperaturas acima de 35 °C em alguns pontos. No entanto, o que realmente define o sucesso do plantio e desenvolvimento inicial é a disponibilidade hídrica em momentos chave. As condições de tempo seco e quente em agosto no Rio Grande do Sul, por exemplo, foram fundamentais para o avanço do plantio e o bom estabelecimento inicial das lavouras de milho para a próxima safra, conforme apontou a Emater/RS.

Expansão e recuperação do milho

A força da segunda safra de milho é evidenciada pelas projeções e resultados já colhidos. O Mato Grosso se mantém como o principal polo produtor nacional, respondendo por expressivos 49% da produção. Mesmo com um atraso inicial na colheita, o avanço tem sido significativo. No Paraná, a colheita já ultrapassou 90% da área até agosto, com produtividades que surpreenderam positivamente, apesar de algumas perdas pontuais. Já em Mato Grosso do Sul, a Aprosoja/MS relata que 80,5% da área foi colhida, com a expectativa de um incremento de 20,6% na produção, mesmo com perdas localizadas que chegaram a 40% em alguns pontos.

Essa expansão na área cultivada do milho, inclusive com produtores optando por ele em detrimento do feijão devido à melhor relação de preços, como observado no Paraná com um aumento projetado de 12,1% na área pelo Deral/PR, demonstra a resiliência e a adaptabilidade do setor. A diversificação do uso do milho, com destaque para a produção de etanol, reforça ainda mais sua relevância econômica e estratégica para o país.

Outras culturas em destaque

Enquanto a segunda safra de milho rouba os holofotes, outras culturas também apresentam cenários importantes. A colheita do feijão da terceira safra foi concluída, com desafios como a falta de água em algumas regiões do Paraná e a presença de pragas e plantas daninhas em Minas Gerais. Em Goiás, a colheita superou 50% com produtividade dentro do esperado. O uso da irrigação e o controle de pragas foram essenciais em Mato Grosso devido à baixa pluviosidade, enquanto na Bahia o clima seco favoreceu a colheita, mas impactou a produtividade.

No algodão, a colheita nacional atingiu 60,3% da área plantada, com expectativas de um volume superior à safra anterior. Esse avanço é impulsionado pela expansão da área na Bahia e em Mato Grosso. O manejo no Mato Grosso focou no controle de pragas, especialmente o bicudo-do-algodoeiro, conforme apontou o IMEA. Na Bahia, a baixa precipitação limitou parte do desenvolvimento, mas a colheita avançou. Maranhão, Minas Gerais e Goiás também registraram produtividades positivas e colheitas dentro das expectativas, com reduções pontuais em áreas de sequeiro.

O trigo, por sua vez, iniciou sua colheita com 7,7% da produção nacional colhida, segundo a Conab. Apesar de uma expectativa de aumento na produtividade média, a redução da área cultivada deve resultar em uma produção total menor. No Rio Grande do Sul, as chuvas irregulares em agosto foram um ponto de atenção, conforme relatou a Emater/RS. No Paraná, a colheita começou com produtividades dentro do esperado, e em Santa Catarina, a Epagri destacou o predomínio da fase de desenvolvimento vegetativo. Goiás e Minas Gerais seguem com colheitas avançando, mantendo as produtividades próximas ao esperado.

Em suma, o cenário para a segunda safra de milho é de otimismo, com potencial para quebrar novos recordes e fortalecer ainda mais o agronegócio brasileiro. A análise das condições climáticas, as estratégias de manejo e a conjuntura de mercado são fundamentais para que os produtores continuem a obter bons resultados em suas lavouras, garantindo a oferta de alimentos e bioenergia para o país e para o mundo. A diversidade de culturas e a resiliência dos agricultores são, sem dúvida, pilares essenciais para a sustentabilidade e o crescimento contínuo do setor.

AGRONEWS