Marco de uma das maiores revoluções agrícolas do país, o Sistema de Plantio Direto (SPD) é celebrado nesta quarta-feira, 23 de outubro, data que foi oficialmente declarada como o Dia Nacional do Plantio Direto em 2023.

A comemoração ocorreu em um evento em Mauá da Serra, na região Norte do Paraná, onde a técnica foi implantada pela primeira vez em 1974.

O plantio direto foi introduzido no Brasil por Herbert Bartz, um agricultor visionário que, após observar chuvas intensas que devastaram suas plantações em Rolândia, começou a buscar soluções para a erosão e degradação do solo.

Durante suas viagens internacionais, ele descobriu a técnica de plantio sobre palhadas. Ao retornar ao Brasil, Bartz experimentou essa abordagem e dedicou-se a disseminá-la entre outros agricultores.

A implantação desse sistema menos agressivo ao solo concretizou o sonho de Bartz de produzir alimentos em qualidade e abundância, após ter enfrentado a fome na Europa durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45).

Quem é ele?
Bartz nasceu em Rio do Sul (SC), em 14 de fevereiro de 1937, filho de imigrantes germânicos. Ele foi criado na Alemanha, onde viveu em meio à guerra e à escassez de alimentos. Ao voltar ao Brasil em 1960, sua família fixou-se na Fazenda Rhenânia, em Rolândia, onde cultivavam milho e arroz.

Contudo, logo perceberam que o sistema convencional de produção não era sustentável a longo prazo, devido às chuvas irregulares que provocavam erosão e perda de sementes.

Na busca por soluções, Bartz se inspirou na técnica “No-Tillage” que conheceu em uma propriedade no Kentucky, nos Estados Unidos. Em 1972, ele importou uma semeadora não agressiva e adotou o método que, no Brasil, passou a ser chamado de Plantio Direto.

Essa técnica minimiza ou elimina o revolvimento do solo, mantém restos culturais da safra anterior e promove a rotação de culturas, resultando em maior produtividade e conservação do solo.

A princípio, Bartz enfrentou ceticismo e resistência, sendo até chamado de “alemão louco”, e suas produções foram apreendidas pela Polícia Federal. Contudo, a eficácia da técnica logo se tornou evidente, e a propriedade de Bartz ganhou notoriedade, atraindo a visita de outros produtores. Hoje, prestes a completar 50 anos de implantação no Brasil, o Plantio Direto já se espalhou por toda a América do Sul.

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Compromisso do Paraná com a Sustentabilidade
"O plantio direto é patrimônio do Paraná, e o Estado tem compromisso de zelar por isso. Queremos nos manter como o Estado mais sustentável do Brasil e garantir competitividade para nossos agricultores", afirmou Natalino Avance de Souza, secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento. Ele ressaltou que o Paraná foi pioneiro em diversas inovações agrícolas, incluindo o programa de microbacia e os programas de conservação do solo.

Atualmente, mais de 90% das lavouras paranaenses utilizam o SPD, segundo Ágide Eduardo Meneghetti, presidente interino da Federação da Agricultura do Paraná (Faep).

"A técnica é fundamental para a preservação do solo e dos recursos hídricos, e Mauá da Serra é um exemplo da transformação de nossa agricultura", destacou. Para os produtores, o SPD representa economia de recursos e maior eficiência, além de promover a sustentabilidade ambiental e produtiva.

Plantio diretoPR
Impacto e Expansão do Sistema
Atualmente, cerca de 45 milhões de hectares utilizam o plantio direto no Brasil, conforme dados da Federação Brasileira do Plantio Direto.

Jônadan Ma, presidente da entidade, enfatizou que "ainda há muita área sendo incorporada; o sistema está em construção permanente, e temos a responsabilidade de construir o futuro pelos próximos 50 anos".

O SPD evoluiu ao longo do tempo, promovendo a manutenção de cobertura de palha, aumentando a matéria orgânica, reduzindo a erosão e facilitando a infiltração de água no solo. Além disso, a técnica incentiva a rotação e diversificação de culturas, minimizando os impactos ambientais e a incidência de doenças e pragas.

Transformação na Agricultura Brasileira
A chefe de Inovação e Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja, Carina Rufino, ressaltou a importância das comemorações do plantio direto. "Foi uma transformação que criou um modelo único de agricultura no mundo. Estamos sequestrando carbono e preparando o Brasil para uma nova fase de agregação de valor na agricultura", afirmou.

Museu do Plantio Direto
O Sistema Plantio Direto é preservado não apenas nas centenas de propriedades que aplicam as técnicas pelo Brasil e pelo mundo, mas também no Museu do Plantio Direto, em Mauá da Serra.

O espaço de 600 metros quadrados abriga dezenas de fotos e equipamentos. A ideia de criar o museu, que completa 20 anos, resultou na inauguração do espaço em 2012.

Entre as raridades, destaca-se a primeira plantadeira utilizada no Brasil com essa finalidade: uma Allis Chalmers de 1972, importada dos Estados Unidos.

O museu está aberto à visitação de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, com entrada gratuita. Localizado na Rua Catarina Aires da Silva, s/n, é um importante ponto de referência para os interessados na história e na evolução do plantio direto no Brasil.

O que é o Plantio Direto?
O plantio direto é uma técnica de manejo que visa recompor a estrutura física do solo, reduzindo o impacto da atividade no meio ambiente.

Nesse sistema, a palha e outros restos vegetais provenientes de uma cultura são mantidos no solo no cultivo seguinte, auxiliando na proteção contra a erosão. Essa prática também evita a perda de nutrientes e melhora a fertilidade do solo.

Outra característica importante do plantio direto é a semeadura em solo não revolvido, sem aração ou gradagem. Isso reduz o impacto das máquinas agrícolas, como tratores e arados, no solo.

Ao longo dos anos, a indústria de máquinas agrícolas desenvolveu equipamentos específicos para o plantio, que fazem pequenas covas com profundidades e larguras adequadas para garantir o contato da semente com o solo, evitando movimentações desnecessárias na terra.

A adoção do plantio direto requer que o produtor realize a rotação de culturas, como milho, aveia e trigo, que garantem que o solo fique coberto com palhada após o fim da colheita. Essa prática também reduz a ocorrência de doenças, pragas e ervas daninhas.

redação com Informações da Secretária de Agricultura do Paraná | Agrofy News