Transporte ferroviário de carga bate recorde em 2024 com expansão de celulose e açúcar
Volume superou o marco anterior de 2023, consolidando-se como o maior dos últimos 19 anos

O transporte ferroviário de carga geral no Brasil atingiu um novo recorde em 2024, com 150 milhões de toneladas úteis (TU) movimentadas no período.
O volume superou o marco anterior de 2023, consolidando-se como o maior dos últimos 19 anos.
No consolidado, incluindo carga geral e minério de ferro, as ferrovias transportaram mais de 540 milhões de TU, um crescimento de 1,83%, o maior avanço registrado nos últimos seis anos.
Os dados são da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) e reforçam a importância estratégica das ferrovias na logística nacional.
O minério de ferro manteve-se como a carga mais transportada, com 390 milhões de TU em 2024.
No entanto, outros produtos também apresentaram forte crescimento, como a celulose, que avançou 26,4%, o açúcar, com alta de 15,8%, e os contêineres, que registraram um aumento de 8,73%.
O agronegócio, por sua vez, respondeu por um quarto de toda a carga transportada pelo modal ferroviário.

Felippe Serigati, coordenador do mestrado profissional em Agronegócio da FGV, explica que a expansão da celulose no Brasil está diretamente ligada ao aumento da oferta, impulsionado por investimentos estratégicos em Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. “Esse crescimento ocorre porque temos ampliado a produção e acessado cada vez mais mercados”, afirma Serigati disse ao Portal da Celulose.
Repercussão
O ministro dos Transportes, Renan Filho, atribui os avanços às iniciativas do governo federal para ampliar a participação ferroviária na matriz de transportes, reduzindo a dependência das rodovias e aumentando a eficiência no escoamento de cargas. A tendência é de crescimento com a implementação do Plano Nacional de Ferrovias.
O setor ferroviário também se tornou um atrativo para investimentos privados. O secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, destaca que o governo tem avançado na construção de um marco regulatório robusto.
“Estamos implementando um portfólio normativo para fortalecer a política pública ferroviária. O Plano Nacional de Ferrovias não é apenas uma carteira de projetos, mas um modelo inovador de amadurecimento institucional e regulatório”, afirma.
Investimentos
O governo federal tem intensificado investimentos e regulamentações para impulsionar o setor ferroviário no Brasil. Entre as iniciativas recentes, destaca-se o acordo com a Vale, que prevê um aporte de R$ 17 bilhões na infraestrutura ferroviária, além da liberação de R$ 3,6 bilhões para a Transnordestina, no trecho entre Eliseu Martins, no Piauí, e o Porto de Pecém, no Ceará.
Também houve a retomada de investimentos no trecho pernambucano da Transnordestina e a inauguração do terminal rodoferroviário em Alvorada, no Tocantins, estrutura que possibilitará o transporte diário de até 5 mil toneladas de grãos.
O governo entregou adequações ferroviárias por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), incluindo um viaduto e uma ponte em Conselheiro Lafaiete, além do viaduto Roza Cabinda, em Juiz de Fora, ambos em Minas Gerais.
Paralelamente, a VLI adquiriu 12 locomotivas para atender a demanda da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), enquanto a assinatura de um acordo garantiu a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Campina Grande, na Paraíba.
Outra medida foi a cessão de uma área em Araraquara, São Paulo, viabilizada pelo Marco Legal das Ferrovias, para a realização de obras de combate a enchentes.
Além disso, um aditivo da Rumo permitiu a otimização do contrato de concessão da Malha Paulista, garantindo investimentos de R$ 600 milhões na infraestrutura ferroviária.
Já a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol 2), no trecho entre Barreiras e Caetité, na Bahia, avança sob coordenação da Infra S.A., com 70% das obras concluídas e um investimento de R$ 3,1 bilhões previsto no Novo PAC, com conclusão programada para 2027.
Essas ações integram uma política de fortalecimento do modal ferroviário, garantindo maior previsibilidade, segurança jurídica e competitividade ao transporte de cargas no Brasil.
Por redação | Agrofy News
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