Safra gaúcha quebra mais uma vez e deve ter 6,6% menos grãos em 2024/2025
Impacto sobre a economia gaúcha pode ultrapassar R$ 14 bilhões

Rendimento médio das lavouras sofreu uma queda de 20,3%. (Foto: Felipe Bieger/Emater/RS-Ascar)
A seca que atinge as lavouras de verão no Rio Grande do Sul deve provocar uma nova quebra na safra de grãos 2024/2025.
A Emater/RS divulgou nesta terça-feira (11) a segunda estimativa para a produção no estado, que deve alcançar 28,050 milhões de toneladas, uma queda de 6,6% em relação às 30,024 milhões de toneladas colhidas na temporada 2023/2024.
O impacto da estiagem sobre a economia gaúcha pode ultrapassar R$ 14 bilhões, segundo o diretor técnico da Emater, Claudinei Baldissera.
Soja tem queda expressiva
A área cultivada com soja aumentou 0,3%, passando de 6,707 milhões para 6,729 milhões de hectares. No entanto, devido à seca, a produção deve cair 17,4%, chegando a 15,072 milhões de toneladas, bem abaixo das 18,252 milhões de toneladas colhidas na safra anterior.
O rendimento médio das lavouras sofreu uma queda de 20,3%, passando de 2.809 quilos por hectare na última temporada para 2.240 quilos por hectare em 2024/2025.
Milho: produção cresce, mas área reduz
A produção de milho grão no estado deve alcançar 4,782 milhões de toneladas, um aumento de 6,1% em relação às 4,509 milhões de toneladas do ciclo anterior.
No entanto, a área plantada caiu 13,9%, recuando de 808,916 mil hectares para 696,587 mil hectares. Em contrapartida, a produtividade média subiu 21,6%, atingindo 6.866 quilos por hectare, contra os 5.646 quilos por hectare da última safra.
A produção de arroz no Rio Grande do Sul deve alcançar 8,126 milhões de toneladas, alta de 12,9% frente às 7,198 milhões de toneladas colhidas na safra anterior.
A área plantada cresceu 7,8%, chegando a 970,194 mil hectares, enquanto a produtividade teve leve retração de 0,1%, passando de 8.387 quilos para 8.376 quilos por hectare.
Feijão: 1ª safra cresce, 2ª tem forte queda
A produção de feijão 1ª safra avançou 22,7%, atingindo 49,901 mil toneladas, enquanto a área plantada teve um recuo de 1,8%, caindo para 27,149 mil hectares. O rendimento médio subiu 24,5%, alcançando 1.838 quilos por hectare.
Já na 2ª safra, a colheita caiu 19,8%, somando 18,196 mil toneladas, acompanhada de um forte recuo de 46,5% na área plantada, que passou para 11,913 mil hectares. Em contrapartida, a produtividade média avançou 42,9%, atingindo 1.527 quilos por hectare.
Governo anuncia medidas para enfrentamento da estiagem
Durante a abertura da Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, nesta segunda-feira (10), o governador Eduardo Leite (PSDB) anunciou o repasse de R$ 46,7 milhões a municípios afetados pela estiagem, além da publicação de dois decretos com estratégias para mitigar os impactos da seca.
Entre as medidas estão melhorias no Sistema de Outorga de Água e novas regras para a segurança de barragens, que serão publicadas no Diário Oficial do Estado ainda nesta semana.

Leite destacou que a irrigação será fundamental para minimizar os impactos da estiagem e ressaltou a simplificação dos processos de licenciamento para reservação de água.
A Defesa Civil iniciará uma nova rodada de transferências para municípios em situação de emergência ou estado de calamidade. O repasse será escalonado conforme a população de cada cidade:
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R$ 250 mil para municípios com até 20 mil habitantes;
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R$ 300 mil para cidades entre 20.001 e 50 mil habitantes;
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R$ 350 mil para municípios com mais de 50 mil habitantes.
Os recursos poderão ser utilizados para ações emergenciais, como compra de cestas básicas, água potável, ração animal, combustível para caminhões-pipa e locação de reservatórios de água.
Além disso, o dinheiro pode ser aplicado na recuperação de redes de abastecimento e reparos em equipamentos de captação de água.
Novos decretos reforçam gestão da água e segurança de barragens
O governo estadual anunciou dois decretos para aprimorar a gestão de recursos hídricos e fortalecer a segurança das barragens.
O primeiro decreto - automatização da outorga de água - prevê a automatização do processo de outorga, reduzindo o tempo de análise de projetos para açudes e barragens. Dependendo do tipo de empreendimento, as outorgas poderão ter validade de até 35 anos.
Além disso, foi criada a outorga emergencial, para casos de calamidade pública por eventos climáticos extremos. Empreendimentos de baixo impacto precisarão apenas de cadastro no Sistema de Outorga de Água (Siout-RS), sem necessidade de autorização formal. Obras voltadas à segurança das barragens também serão dispensadas de licenciamento específico.
Segundo decreto
O segundo decreto - novas regras para segurança de barragens - estabelece normas alinhadas à Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) e transfere à Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) a responsabilidade pela regulamentação e fiscalização de reservatórios artificiais no estado.
As novas diretrizes se aplicam a barragens com:
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Altura superior a 15 metros ou capacidade acima de 3 milhões de metros cúbicos;
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Alto risco estrutural ou alto potencial de danos.
O decreto também institui o Programa Barragem Segura, que prevê diagnósticos sobre as condições das barragens, implementação das novas normas e consultas públicas para garantir a participação da sociedade na revisão periódica das regulamentações.
redação com informações da Agência Safras | Agrofy News
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