Brasil amplia exportações de carne suína em 2025, mas mercado interno ainda busca estabilidade

O Brasil iniciou 2025 batendo recordes nas exportações de carne suína in natura.

Brasil amplia exportações de carne suína em 2025, mas mercado interno ainda busca estabilidade
Ilustrativa

O Brasil iniciou 2025 batendo recordes nas exportações de carne suína in natura. Somente no primeiro trimestre, foram embarcadas mais de 290 mil toneladas do produto, um crescimento superior a 18% em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da Secex compilados por Iuri P. Machado.

Apesar do bom desempenho nas exportações, a China, que já foi a principal compradora da carne suína brasileira, tem reduzido sua participação. Em março, importou apenas pouco mais de 12 mil toneladas, o menor volume mensal desde fevereiro de 2019. Atualmente, as Filipinas assumem a liderança nos embarques do produto, seguidas por Hong Kong e Japão, que superaram a China também em receita cambial.

Preço ao produtor caiu, mas mostra sinais de recuperação

Mesmo com o crescimento no comércio exterior, os preços pagos ao produtor no mercado interno caíram durante março e início de abril. O indicador CEPEA/ESALQ mostra uma tendência de recuperação nos últimos dias, com expectativa de valorização no segundo semestre, em meio à manutenção da oferta e à maior demanda externa impulsionada pela guerra tarifária entre Estados Unidos e China.

De acordo com o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, “há uma tendência e expectativa de que os preços pagos aos produtores voltem a subir nas próximas semanas e entrem o segundo semestre firmes e em alta.”

Custos de produção sob controle

O custo de produção do suíno vivo se manteve relativamente estável, favorecido pela recente estabilidade nas cotações do milho e do farelo de soja. A relação de troca entre suíno e insumos permanece vantajosa, garantindo margens positivas em todos os principais estados produtores.

Segundo a Embrapa e o Cepea, os custos totais, preços de venda e lucro/prejuízo estimados mostram que a atividade, embora desafiadora, permanece viável — especialmente com a perspectiva de maior demanda internacional.

Impacto do “tarifaço” nos EUA pode abrir oportunidades

As tarifas impostas pelo governo norte-americano sobre importações de diversos países, incluindo a China, devem redirecionar parte da demanda global para o Brasil. A China, que mantém retaliações comerciais contra os EUA, pode aumentar as compras de carne suína brasileira como forma de manter seu abastecimento interno.

Essa conjuntura também afeta o mercado de grãos. A possível ampliação da produção de milho nos EUA, somada à boa perspectiva da safra brasileira, tende a aliviar os preços dos insumos, favorecendo a suinocultura. No entanto, parte dessa oferta adicional pode ser absorvida pelo aumento nas exportações, o que mantém o setor em alerta quanto à pressão de custos nos próximos meses.

Sustentabilidade e competitividade

Apesar das incertezas globais, o Brasil tem se mostrado competitivo e resiliente. O setor suinícola continua expandindo sua presença internacional, mesmo diante da retração chinesa, e observa com cautela os desdobramentos do cenário geopolítico e climático, especialmente a evolução da segunda safra de milho.

“Num primeiro momento, a tendência é de que se abra mais espaço para o Brasil exportar carnes e grãos. O que pode mudar esse quadro é o eventual estabelecimento de acordo entre EUA e China, algo, neste momento, pouco provável”, conclui Marcelo Lopes.

 

Com informações da ABCS
FONTE: Agro+
Hits: 53