Setor de cana pode cumprir sozinho a missão da redução de emissões de CO2 do agro brasileiro
Novas tecnologias possibilitam reduzir 178,6 milhões de toneladas de CO2 por ano, equivalente a meia França

O setor de cana-de-açúcar poderia por si só cumprir a missão de toda a agropecuária brasileira quanto à redução de emissões de CO2eq.
A afirmação é possível a partir do estudo apresentado em parceria pelo CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) e a FGV (Fundação Getúlio Vargas) em um encontro com investidores realizado ontem (dia 15).
O levantamento inédito analisou o potencial de descarbonização do setor sucroenergético brasileiro com base na adoção da novas tecnologias desenvolvidas pelo CTC.
Segundo o estudo, a implementação integrada de soluções em melhoramento genético, biotecnologia e sementes sintéticas tem o potencial de evitar a emissão de 178,6 milhões de toneladas de CO₂ por ano até 2042.
O volume equivale a 50% das emissões anuais de um país como a França.
Fazendo as contas
Se levarmos em conta as novas NDC (Contribuições Nacionalmente Determinadas, do inglês) assumidas na COP 29, o Brasil deverá reduzir suas emissões líquidas em 67% em relação a 2005 até 2035.
Na prática, isso significa reduzir o total de 2,342 bilhões de toneladas emitidos em 2005 para 772,8 milhões de toneladas de CO2eq até 2035.
Se no ano passado, o país emitiu 1,558 bilhão, ainda restaria 785,1 milhões de toneladas ao ano, o que, segundo especialistas, seria possível a partir de zerar o desmatamento e tornar a agropecuária, energia e indústria menos poluentes.
Como zerar o desmatamento eliminaria 514 milhões de toneladas das emissões ao ano segundo o SEEG de 2022, restariam 271,1 milhões de toneladas para dividir entre agropecuária e geração de energia/processos industriais
Assim, ao agro caberia cortar cerca de 135,5 milhões de toneladas de CO2. Ou seja, apenas o setor de cana seria capaz, com sobras, de cumprir tal missão.
"Estamos falando de evitar quase 180 milhões de toneladas de CO₂ por ano até 2042 — uma contribuição significativa para as metas climáticas do Brasil e do mundo. É uma prova de que inovação e sustentabilidade podem caminhar juntas, gerando valor para o produtor, para o país e para o planeta”, afirma Cesar Barros, CEO do CTC.
De onde?
Na prática, as tecnologias gerariam a redução na intensidade de carbono do etanol (de 22,2 gCO₂/MJ para 18,5 gCO₂/MJ), o uso mais eficiente de insumos como diesel (-18,2%) e fertilizantes nitrogenados (-19,4%), além do aumento da produtividade agrícola sem expansão da área plantada.
O estudo também destaca o potencial econômico dessa transformação, com geração de receita a partir da comercialização de créditos de carbono (CBios), consolidando a cana-de-açúcar como uma das principais soluções para a agenda climática global.
“O estudo da FGV comprova, com base técnica e econômica, aquilo que já vemos no campo: as tecnologias do CTC têm potencial real para transformar a produtividade agrícola em ganhos ambientais concretos”, afirma Barros.
Encontro com investidores
O CTC apresentou também novas tecnologias com base em três frentes complementares, Melhoramento Genético, Biotecnologia e o Projeto Sementes, que têm como meta dobrar a produtividade dos canaviais brasileiros até 2040.
“Estamos em um momento estratégico para o setor. As tecnologias que apresentamos hoje demonstram como ciência, dados e escala podem redefinir a produtividade da cana-de-açúcar, com base na transição energética”, comentou Barros.
A linha CTC Advana reúne variedades de cana com alto ganho de produtividade, chegando a registrar até 16% mais toneladas de açúcar por hectare que as cultivares de referência.
Além da performance agronômica, essas variedades se destacam por vigor, sanidade e adaptabilidade regional, fatores que elevam a longevidade do canavial.
Segundo Sabrina Chabregas, Diretora de Pesquisa e Desenvolvimento do CTC, os resultados de campo mostram 95% de vitória diante das principais variedades do mercado. O foco está em “tecnologia de ponta e precisão científica”, abrindo uma nova era no melhoramento da cana e assegurando maior rentabilidade para o produtor.
CTC VerdPRO2 é uma plataforma de biotecnologia que une resistência à broca-da-cana — praga que causa perdas milionárias no setor — e tolerância a herbicidas, trazendo uma proteção integrada.
O pacote inclui simplificação no controle de defensivos e economia em custos operacionais, além de ganhos expressivos em produtividade.
A iniciativa se baseia em sete anos de pesquisa e amplia o legado do CTC na criação de cana transgênica aprovada mundialmente.
Suzeti Ferreira, Diretora de Marketing, aponta que a VerdPRO2 responde aos maiores desafios de proteção da cana, maximizando a eficiência, reduzindo complexidade e favorecendo práticas mais sustentáveis no campo.
Resultado de 11 anos de estudos e R$ 1 bilhão em investimentos, o projeto de sementes sintéticas promete revolucionar o plantio de cana. Ao adotar essas sementes, o setor passa a operar com menos máquinas, menos diesel e maior escalabilidade, reduzindo também a pegada de carbono.
Em parceria com fabricantes de máquinas, o CTC prepara uma planta demonstrativa de produção ainda para este ano.
Suleiman Hassuani, diretor de P&D de Sementes, descreve as sementes sintéticas como uma inovação disruptiva que simplifica o plantio e acelera a adoção de novas variedades, projetando uma mudança de paradigma na produção de cana no Brasil.
Daniel Azevedo Duarte com informações da assessoria de imprensa | Agrofy News
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