EM LIVE: Ceagesp não será privatizada por ratos para beneficiar amigos, diz Bolsonaro

Publicado no dia 21/02/2021 às 16h56min
O presidente da República afirmou que o governo federal pretende avançar com a agenda de privatizações, mas "não é tudo que será privatizado"
21 de fevereiro de 2021 às 15h04 Por Estadão Conteúdo O presidente da República, Jair Bolsonaro, disse neste sábado, 20, que o governo mantém planos para avançar na agenda de privatizações, mas que ??não é tudo? que será privatizado. Ele afirmou que a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) não será privatizada ??da forma que queriam?, mas não negou a possibilidade de venda do entreposto. Em dezembro, Bolsonaro chegou a dizer que a Ceagesp não seria privatizada por ??ratos? com o interesse de ??beneficiar amigos?. Neste sábado, o mandatário mudou o tom. ??Nós queremos privatizar, mas não é tudo também, não. Privatizar a Casa da Moeda? Negativo. Privatizar Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)? Para quê? Privatizar da forma como queriam a Ceagesp, não vai ser privatizada, pode ter certeza disso?, declarou ao falar com populares durante sua passagem por Campinas (SP). A companhia é alvo de estudos do governo para a sua desestatização. No ano passado, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), anunciou um acordo com o governo federal para transferir a Ceagesp para outro endereço, às margens do Rodoanel Mário Covas e passar sua administração para a iniciativa privada. O plano era facilitar o acesso de caminhões que diariamente abastecem o local com produtos agrícolas do Brasil todo. A negociação de Doria foi articulada com Salim Mattar, então secretário especial de Desestatização e Privatização, que deixou o cargo em agosto do ano passado insatisfeito pela paralisia do governo na agenda de privatizações. Bolsonaro: Aumento nos combustíveis foi para atacar meu governo Ceagesp deve encerrar 2020 com lucro de R$ 8 milhões Privatização da Ceagesp Desde 2019, a Ceagesp está incluída no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), em decreto assinado pelo próprio Bolsonaro e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. A partir disso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) contratou duas consultorias em março do ano passado por R$ 2,6 milhões para estudar o modelo de privatização. O BNDES negou que haja orientação para paralisar as análises. O Ministério da Economia confirmou que os estudos não foram interrompidos e disse que os resultados serão levados para discussão do Conselho do PPI, órgão formado pelo presidente da República, ministros e presidentes dos bancos públicos. Segundo a pasta, uma decisão sobre a venda ou não da empresa pública só será tomada após os estudos serem concluídos, o que está previsto para ocorrer até o fim de março. Neste sábado, Bolsonaro voltou a elogiar a atuação e o trabalho ??excepcional? do coronel da Polícia Militar e ex-comandante da Rota Ricardo Mello Araújo, nomeado diretor-presidente da Ceagesp em outubro. O presidente tem atribuído ao militar as mudanças na gestão da companhia. ??(Antes) Tudo era roubo, tudo era propina. Então, a gente vai atacando as coisas, não dá para mudar de uma hora para a outra. O navio, você não consegue dar um cavalo nele. Agora, quando eu descubro vou para cima?, disse. ??Quando botei o coronel lá levei pancada: ??ah, um coronel não gestor??. A Ceagesp era caso de polícia e ele tinha acabado de comandar a Rota em São Paulo, era o cara ideal. Ele demonstrou ao longo desses últimos meses, além de moralizar aquilo, ele também mostrou como bem gerenciar a Ceagesp, que é motivo de orgulho de muita gente?, declarou. A fala sobre a Ceagesp e os planos de privatização do Executivo, divulgada em vídeo por um canal no YouTube, foi motivada após uma pergunta ao presidente sobre a ??celeridade de pautas? do governo na Câmara. ??Eu tenho certeza (que as pautas ganharão celeridade)?, disse. Bolsonaro responsabilizou o ex-presidente da Câmara do Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) pelo fracasso do governo de promover uma agenda de privatizações. A venda de estatais, com receita estimada em R$ 1 trilhão, é prometida pelo ministro Paulo Guedes desde o início do governo. ??O próprio ex-presidente (da Câmara, Rodrigo Maia) disse há poucas semanas que agora ele vai fazer uma oposição contra o presidente Jair Bolsonaro, coisa que ele não podia falar enquanto era presidente?, comentou. ??O ex-presidente tinha uma ligação enorme com PT, PCdoB e PSOL, então as agendas liberais não andavam. Esse pessoal é estatizante?, justificou.
Fonte: Por Estado Contedo