Em lugar de estimular produção, Lula prefere culpar exportação por inflação dos alimentos
Presidente também pediu para população não comprar produtos caros
Por redação | Agrofy News
Lula também adiantou que pretende se reunir com o setor produtivo para discutir soluções. (Foto - Ricardo Stuckert)
Diante da alta nos preços dos alimentos, o governo federal busca alternativas para conter a inflação. Além disso, continua buscando “culpados” pela inflação dos produtos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez declarações polêmicas ao comentar o tema, atribuindo parte da responsabilidade à exportação do agronegócio e ao câmbio desfavorável.
Lula mencionou que a abertura de 303 novos mercados para produtos brasileiros contribuiu para a pressão sobre os preços internos. Na verdade, o Brasil abriu 325, de acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária.
“O Brasil virou o celeiro do mundo, as pessoas estão comprando muito no Brasil. Significa que nós precisamos produzir mais, melhorar a qualidade para que a gente possa melhorar o preço. Não posso fazer congelamento, não posso colocar fiscal para ir em fazenda ver se o gado está guardado ou não”, declarou.
Ontem, Lula destacou que o fortalecimento do dólar frente ao real também é um dos fatores que impactam o aumento dos preços.
“Nós tivemos o aumento do dólar porque a gente teve um Banco Central totalmente irresponsável, que deixou uma arapuca que a gente não pode desmontar de uma hora para outra”, afirmou o presidente.
Experiência
Em entrevista a rádios da Bahia, o presidente relembrou sua experiência como trabalhador e destacou o impacto da inflação sobre o poder de compra da população.
“Esse é um problema que me persegue desde que eu trabalhava no chão de uma fábrica. Toda vez que a inflação cresce, o alimento cresce, o trabalhador que vive de salário é quem paga o preço alto. Na medida em que a gente aumenta o salário mínimo acima da inflação, aumenta a massa salarial, temos que compensar com uma redução do preço dos alimentos”, disse.
O presidente também adiantou que pretende se reunir com o setor produtivo para discutir soluções.
“Semana que vem eu vou ter uma reunião com os produtores de carne deste país, com os produtores de arroz, ou seja, com todos os segmentos para saber como fazer com que os preços sejam compatíveis com a necessidade de compra do povo brasileiro”, afirmou.
Sugestão polêmica
Lula sugeriu que a população evite comprar produtos considerados caros, como forma de pressionar pela redução dos preços.
“Se você vai num supermercado aí em Salvador e desconfia que tal produto está caro, você não compra. Se todo mundo tiver essa consciência, quem está vendendo vai ter que baixar o preço, senão vai estragar. Esse é um processo educacional que nós vamos ter que fazer com o povo brasileiro”, declarou.
O presidente também incentivou a substituição de itens mais caros por produtos similares com preços mais acessíveis.
Incentivos à produção?
Lula indicou que o governo está trabalhando para incentivar o aumento da produção, mas não detalhou se haverá medidas financeiras específicas, como o Plano Safra.
“Nós queremos fazer com que o povo produza mais e com mais qualidade e, por isso, estamos criando políticas de incentivo para o agronegócio, para pequena e média propriedade brasileira”, afirmou.
O presidente voltou a negar qualquer possibilidade de congelamento de preços e reforçou a necessidade de garantir que a cesta básica seja acessível para a população.
Medidas em Estudo
Preocupado com o aumento dos preços, Lula determinou que os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, avaliem medidas para conter a inflação.
Entre as opções em análise estão a redução de alíquotas de importação para produtos com preços mais baixos no mercado internacional e ajustes no Plano Safra para aumentar a oferta de alimentos.
O ministério também considera a possibilidade de reduzir as taxas de juros do programa.