Como Minas Gerais exportou mais café do que produziu em 2024?

Publicado no dia 24/01/2025 às 16h15min
Pela primeira vez, o agronegócio superou a receita das exportações do setor de mineração
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Minas Gerais registrou um marco histórico em 2024. Pela primeira vez, o agronegócio superou a receita das exportações do setor de mineração no estado.

No centro desse feito, está o café, que liderou o desempenho econômico do agro mineiro.

receita gerada pelo café foi de impressionantes US$ 7,9 bilhões, representando 46,1% do total comercializado pelo setor agrícola, que alcançou US$ 17,1 bilhões.

Um dado curioso chamou atenção: o volume exportado, de 31 milhões de sacas, superou a produção anual de 28,1 milhões de sacas.

Como isso é possível?

De acordo com especialistas, a resposta está no uso estratégico de estoques. Com a demanda em alta, os produtores recorreram às reservas armazenadas em cooperativas e armazéns próprios.

Thales Fernandes, secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, destacou que fatores como a valorização do dólar e a queda na produção de grandes países exportadores, devido às condições climáticas, ajudaram a elevar os preços no mercado internacional.

"Os produtores mineiros aproveitaram o momento de estoques globais baixos, oferecendo café de alta qualidade e ambientalmente sustentável", afirmou Fernandes.

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Demanda global em alta

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o consumo global de café em 2024 está projetado em 168,1 milhões de sacas, representando um crescimento de 3,1% em relação ao ano anterior.

China e outros mercados em destaque

Tradicional líder nas exportações agropecuárias de Minas, o café vem consolidando novos mercados. Um exemplo é a China, tradicionalmente conhecida como a "terra do chá".

Entre 1997 e 2024, as exportações de café mineiro para o país asiático cresceram expressivos 77.000%, saltando de US$ 239 mil para US$ 186 milhões. Hoje, a China ocupa o 10º lugar entre os maiores compradores do café de Minas.

 

Aumentar as vendas num país populoso como a China, já produz um grande impacto na receita, mas o café mineiro tem fincado suas raízes pelo mundo afora. 

O número de países que adquirem o produto mineiro cresceu de 65 para 88 desde 1997, um aumento de 35%. Todos os segmentos apresentaram alta:

  • Café verde: +41,4%

  • Café torrado: +22%

  • Café solúvel: +556%

  • Essências e extratos: +191,4%

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Os principais mercados incluem Estados Unidos (US$ 1,5 bilhão), Alemanha (US$ 1,3 bilhão), Bélgica (US$ 787 milhões), Itália (US$ 626 milhões) e Japão (US$ 467 milhões).

Impacto da União Europeia e novas regras ambientais

As exportações para a União Europeia, que somaram US$ 4 bilhões e 15 milhões de sacas em 2024, também foram impulsionadas pela antecipação de compras frente às novas regras ambientais do bloco.

A legislação, que entrará em vigor em 2025 para grandes empresas e em 2026 para pequenas, restringirá a importação de produtos oriundos de áreas desmatadas. 

Para atender a essa demanda, os produtores mineiros já contam com a Plataforma Selo Verde MG, que comprova a sustentabilidade das cadeias produtivas. Dados da ferramenta mostram que 99% das 120 mil propriedades cafeeiras do estado operam em áreas livres de desmatamento. 

Com a certificação em mãos e mercados globais aquecidos, o café mineiro segue como um protagonista absoluto do agronegócio brasileiro.

Fonte: Agrofy News

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