Mais da metade dos canaviais não vão se recuperar dos Incêndios, apontam especialistas

Publicado no dia 03/12/2024 às 16h44min
Impacto das mudanças climáticas, aliado à estiagem severa, comprometeu a produtividade de diversas áreas

Pesquisadores de empresas privadas e do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) alertam que mais da metade dos canaviais atingidos por queimadas e temperaturas extremas entre agosto e outubro deste ano não devem ser recuperados. 

O impacto das mudanças climáticas, aliado à estiagem severa, comprometeu a produtividade de diversas áreas no setor sucroenergético.

Com a volta das chuvas, o desafio agora é avaliar a germinação das soqueiras nos canaviais do início da safra. O foco é entender como recuperar o solo para que as plantas se desenvolvam e, assim, garantir uma colheita produtiva.

Em parceria com o IAC, a Massari Fértil está conduzindo pesquisas para identificar as causas dos incêndios e propor soluções para a perda da eficiência do solo, além de alternativas para reposição de nutrientes.

Cláudio Monteiro, químico da Massari, explica que a seca foi tão intensa que canaviais novos, de 2º, 3º e 4º cortes, não germinaram.

 "Estimamos que mais de 50% das áreas afetadas apresentam falhas de brotação, tornando inviável o replantio e tratos culturais. Em resumo, perda do canavial ", afirma.

A restauração do solo, conforme indicam os pesquisadores, é um dos maiores desafios do setor, uma vez que a palha que cobria as plantas foi destruída, resultando na perda de nutrientes essenciais. 

Para mitigar os prejuízos, especialistas sugerem priorizar o plantio de cana sobre cana, utilizando o sistema MEIOSI fase 1 (Método Interrotacional Ocorrendo Simultaneamente), com início previsto para novembro de 2024 e projeção até abril de 2025.

Contudo, o preparo do solo sob chuvas intensas pode causar erosão, tornando necessárias práticas mais sustentáveis, como o preparo reduzido e a aplicação de corretivos micronizados. “Esses produtos são aplicados diretamente na superfície, utilizando as chuvas para corrigir o perfil do solo”, explica Monteiro.

Aumento das temperaturas preocupa setor sucroenergético

Desde 1980, o IAC monitora as temperaturas diárias e constatou um aumento superior a 1ºC nas máximas e mínimas ao longo das últimas décadas. Esse aquecimento é um fator preocupante, pois limita o desenvolvimento das culturas e impacta a produtividade, como alerta Monteiro.

Diante das mudanças climáticas, o especialista defende a necessidade de análise constante do solo.

“A correção e nutrição do solo precisam ser reavaliadas. O que funcionava há cinco anos já não tem o mesmo efeito devido às alterações climáticas. Conhecer as características do solo é essencial para evitar perdas no cultivo e garantir a viabilidade financeira", conclui.

Por redação | Agrofy News

Fonte: Agrofy News