CNA prepara ofensiva jurídica contra Carrefour na União Europeia

Publicado no dia 27/11/2024 às 15h32min
Além disso, CEO global da varejista e embaixador da França serão convocados pelo Senado

A retratação pública do Carrefour e do CEO global Alexandre Bompard não foi suficiente para encerrar o impasse com o agronegócio brasileiro.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) anunciou, nesta terça-feira (26), que entrará com medidas jurídicas na União Europeia contra o Grupo Carrefour e outras empresas francesas.

O motivo são declarações consideradas infundadas sobre a qualidade da carne produzida no Mercosul e o anúncio de que deixariam de adquirir o produto da região.

Segundo a CNA, o objetivo é formalizar uma reclamação nos órgãos competentes da União Europeia, em defesa da liberdade econômica e da proteção à produção brasileira.

"Nós fomos surpreendidos pela atitude do Carrefour e outras empresas que, de uma hora para outra, procuraram mostrar uma imagem de que a carne que estamos colocando na Europa não atende aos padrões europeus. Isso não é verdade", afirmou João Martins, presidente da CNA.

Ele destacou que o Brasil é o maior exportador mundial de carne, com mercados como Estados Unidos, Europa, Oriente Médio e China entre seus principais destinos.

“Nos vimos obrigados a buscar nosso escritório em Bruxelas e nosso escritório de advocacia que nos atende em Bruxelas para entrar com as ações devidas para buscar esclarecimento da verdade”, completou.

O consultor jurídico da CNA, Carlos Bastide Horbach, confirmou que os trâmites legais já estão em andamento. "Buscaremos esclarecimentos e a verdade através de ações junto aos nossos escritórios em Bruxelas", disse.

A entidade ainda enfatizou que pretende proteger os produtores rurais brasileiros, a produção nacional e a liberdade econômica.

Reações no Senado: CEO convocado

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou um requerimento para ouvir o embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, e o CEO do Carrefour, Alexandre Bompard.

A proposta foi apresentada pelo senador Wellington Fagundes (PL-MT), que ressaltou a importância de defender a reputação do agronegócio brasileiro no mercado internacional.

"Eu, como médico veterinário, conheço muito bem a indústria frigorífica e de embutidos do Brasil. É uma das melhores do mundo. Nossa inspeção sanitária tem um dos maiores rigores. Não podemos aceitar que um CEO venha questionar a qualidade do nosso produto", afirmou Fagundes.

O Senado também discutiu uma nota de repúdio ao Carrefour e ao presidente francês Emmanuel Macron, que recentemente declarou que não assinará o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul.

Câmara defende medidas de reciprocidade ambiental

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defendeu a aprovação de um projeto de lei que estabelece reciprocidade em medidas de proteção ambiental entre países parceiros comerciais. Ele destacou que a iniciativa visa proteger os produtores brasileiros de desinformações como as promovidas pelo CEO do Carrefour.

Lira afirmou que o texto será negociado com o Senado para garantir um marco legal que não comprometa as relações comerciais do Brasil, mas que também resguarde os interesses do agronegócio nacional.

ABPA declara caso encerrado

Por outro lado, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) considerou o caso encerrado após a retratação de Alexandre Bompard em carta enviada ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

Em nota, a ABPA destacou o reconhecimento do Carrefour aos altos padrões de qualidade e segurança alimentar mantidos pelos produtores brasileiros.

Desde 2000, o Brasil exportou 7,7 milhões de toneladas de carne de frango para a União Europeia, gerando mais de US$ 17 bilhões em receitas cambiais. "A carta reforça a sólida parceria entre o mercado europeu e o setor brasileiro", concluiu a associação.

"Por isto, a ABPA e seus associados consideram o tema encerrado", diz a nota.

Fabio Frattini Manzini
Agrofy News

Fonte: Agrofy News