Drama na Espanha: enchente histórica deixa centenas de mortos e devasta o agro
PrejuÃzo no setor já supera R$ 200 milhões em culturas como uvas, azeitonas, pimentão, tomate, abobrinha e berinjela
O número de mortos na Espanha após as enchentes devastadoras subiu para 205, conforme informou o governo nesta sexta-feira (1º). Em Valência, terceira maior cidade do país, foram registradas 202 dessas mortes, enquanto outras três ocorreram nas regiões vizinhas de Castilla-La Mancha e Andaluzia.
A tragédia trouxe enormes prejuízos ao setor agropecuário, com estimativas iniciais apontando perdas próximas de € 30 milhões (equivalente a cerca de R$ 188 milhões) apenas nas áreas rurais da Andaluzia, conhecida pela produção de uvas, azeitonas, pimentão, tomate, abobrinha e berinjela, conforme o Sindicato dos Pequenos Agricultores e Pecuaristas (UPA).
As plantações de cítricos, com colheita próxima, foram severamente afetadas.
A Associação Agrária de Jovens Agricultores (Asaja Málaga) solicitou apoio do governo para ajudar o setor agrícola a se recuperar. Entre as demandas apresentadas, a entidade destaca a necessidade de isenções fiscais.
Na região de Requena-Utiel, no leste do país, a Coordenadoria de Organizações de Agricultores e Pecuaristas (COAG) estima que 35 mil hectares de vinhedos e 5 mil hectares de amendoeiras foram inundados, resultando em perdas totais na produção de caqui e tangerina em Valência.
Número de vítimas deve aumentar
Durante uma coletiva de imprensa, o ministro Angel Victor Torres declarou que o número de vítimas pode subir, com dezenas de desaparecidos ainda não localizados.
Em uma única noite, a região registrou o equivalente a um ano de chuva, causando o transbordamento de rios e destruindo pontes, estradas e linhas férreas.
Três dias após o temporal, os moradores seguem buscando assistência, enquanto cenas semelhantes à enchente de maio em Porto Alegre foram revividas nas ruas de Valência, com mobilização de voluntários e destroços acumulados nas calçadas.
Apoio governamental e militar
O governo e a sociedade se mobilizam para socorrer as vítimas das chuvas que despejaram 500 mm de água em poucas horas.
Cerca de 500 soldados juntaram-se aos 1.200 que já estão na região para auxiliar a população e localizar os desaparecidos. Segundo a ministra da Defesa, Margarita Robles, "todos os meios necessários serão disponibilizados pelo tempo necessário."
A prefeita de Chiva, Amparo Fort, descreveu uma situação dramática na cidade de 16 mil habitantes, 40 minutos a oeste de Valência. "Precisamos de mantimentos, água e comida triturada para crianças e idosos que não conseguem mastigar," pediu Fort, emocionada.
Além da destruição, relatos de saques preocupam as autoridades. Em Aldaia, cidade próxima a Valência, lojas foram invadidas e 39 pessoas foram detidas.
"As pessoas estão descontroladas, e enquanto o supermercado não reabrir, a situação vai permanecer crítica," comentou o morador Fernando Lozano.
A capital da região, Valência, montou uma estrutura temporária para agilizar a identificação das vítimas. Ambulâncias entram e saem, enquanto familiares aguardam notícias em um espaço restrito pela polícia.
Com um acumulado de 491,2 mm de chuva em oito horas na cidade de Chiva e outros 300 mm em pontos próximos, a Espanha enfrenta uma das maiores tragédias meteorológicas de sua história recente.
redação com informações da MetSul | Agrofy News