Impacto da endometrite subclínica na fertilidade das vacas

Publicado no dia 30/10/2024 às 11h26min
Uma doença uterina frequentemente não diagnosticada pode ter um impacto "significativo" nos resultados de prenhez de vacas leiteiras - mesmo após os sinais clínicos da doença terem desaparecido.

Uma doença uterina frequentemente não diagnosticada pode ter um impacto “significativo” nos resultados de prenhez de vacas leiteiras – mesmo após os sinais clínicos da doença terem desaparecido.

Pesquisadores veterinários da Universidade de Warmia e Mazury, na Polônia, estudaram os efeitos da endometrite subclínica na fertilidade e nos resultados de prenhez de vacas leiteiras para determinar como a doença uterina, muitas vezes oculta, afeta vacas que se recuperaram da endometrite clínica, a manifestação sintomática da infecção.

Esta é a primeira vez que o vínculo entre a endometrite subclínica – também conhecida como endometrite assintomática ou citológica – no desempenho reprodutivo de vacas curadas foi estudado.

A endometrite clínica é uma inflamação do revestimento do útero da vaca e está associada a uma secreção visível. A endometrite subclínica é uma doença uterina assintomática, diagnosticada citologicamente (ou seja, por meio da análise de amostras de células sob um microscópio). As duas formas da doença são tipicamente diagnosticadas entre 3 e 5 semanas pós-parto e podem ocorrer simultaneamente.

A endometrite clínica (EC) tem sido associada há muito tempo à fertilidade reduzida em vacas leiteiras – mas pouco se sabe sobre como a manifestação assintomática (ES) da doença afeta os animais que não apresentam sintomas.

Até o momento, os pesquisadores descobriram que a EC afeta cerca de 20% das vacas – embora a incidência possa ser maior – levando a perdas econômicas devido ao aumento do tempo necessário para concepção, taxas de descarte elevadas, custos de tratamento e redução da produção de leite.

A ES também tem sido associada ao desempenho reprodutivo comprometido e sua prevalência pode variar de 15% a 70%, segundo pesquisas. Vacas com EC têm também um alto risco de desenvolver ES, destacando a necessidade de novas pesquisas sobre como a ES afeta a fertilidade.

Como a endometrite subclínica afetou vacas leiteiras curadas da endometrite clínica? 

Para responder ao principal objetivo do estudo, os pesquisadores poloneses examinaram 800 vacas da raça Holstein Friesian; diagnosticaram EC em pouco mais de um quarto delas (222, ou 27,75%); e dividiram esses animais em três grupos de tratamento: cefapirina (72), PGF2 (73) e um grupo controle não tratado (77).

Vacas sem sinais de EC foram consideradas curadas e amostras adicionais foram coletadas para diagnosticar ES. No total, a ES foi detectada em cerca de 41% das vacas curadas. Entre aquelas com a infecção assintomática, 18,2% sofreram perda de prenhez, em comparação com 4,7% das vacas sem ES.

Vacas curadas com ES apresentaram “uma tendência a menor taxa de concepção na primeira inseminação artificial (IA), maior intervalo entre parto e concepção, menor taxa de prenhez 200 dias após a IA e maior taxa de descarte em comparação com vacas sem ES”, explicam os autores.

“No nosso estudo atual, a perda de prenhez foi significativamente maior em vacas com ES após a resolução da EC. Este achado é consistente com a maior perda embrionária em vacas com inflamação uterina, como evidenciado por uma alta proporção de leucócitos polimorfonucleares (PMNs) no lúmen uterino.

“Parece que um ambiente uterino inflamado impacta a qualidade e a sobrevivência do embrião. A endometrite subclínica está associada a reações inflamatórias locais, resultando em um ambiente uterino desfavorável para o desenvolvimento embrionário.”

Pesquisas adicionais são necessárias para confirmar os resultados do estudo, concluem os autores.

 

 

As informações são do Dairy Reporter, traduzidas pela equipe MilkPoint.

Fonte: MilkPoint

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