China impõe rastreio total da cadeia do boi em novas diretrizes de importação

Publicado no dia 28/10/2024 às 15h42min
Primeiros embarques de carne 100% rastreada já devem ocorrer no ano que vem

Durante sua última visita técnica ao Brasil, em dezembro do ano passado, a China sinalizou que exigirá a rastreabilidade completa da cadeia da carne bovina, desde o nascimento do animal, nos próximos anos. O mercado chinês é o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina.

Embora essa exigência já esteja prevista nos protocolos comerciais assinados entre os dois países, ela nunca foi efetivamente cobrada pelos importadores chineses. 

“O que o Ministério da Agricultura nos informou é que foi uma missão positiva, mas o ponto focal destacado foi que a rastreabilidade será, sim, cobrada pela China”, afirmou Danielle Schneider, coordenadora de rastreabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), em entrevista ao Globo Rural.

De acordo com Schneider, as mudanças devem ocorrer ao longo dos próximos dois anos, com o estabelecimento de protocolos próprios de rastreabilidade. 

Diferentemente da Europa, a China não está cobrando informações sobre desmatamento, apenas a rastreabilidade. “Mas, ao fazer isso, sabemos que o próximo passo é entrar na mesma linha”, reconheceu.

Um estudo da Academia Chinesa de Ciências Sociais e da Fundação Getúlio Vargas, realizado com apoio da ONG americana The Nature Conservancy, indica que os consumidores chineses estariam dispostos a pagar até 22,5% a mais pela carne brasileira se ela garantisse a procedência de criações de gado em áreas sem desmatamento.

O gerente de projetos da ONG chinesa Global Environmental Institute, Peng Ren, informou que os dois países iniciarão as discussões para criar soluções de rastreabilidade a partir do próximo mês, com a expectativa de iniciar os primeiros embarques de carne 100% rastreada já no próximo ano. 

Após auditorias realizadas em dezembro de 2023, a China anunciou a habilitação de 38 novas plantas frigoríficas no Brasil, sendo 24 delas dedicadas à carne bovina. Segundo o Ministério da Agricultura, este foi o maior número de habilitações concedidas de uma só vez na história das relações comerciais entre os dois países.


Requisitos para exportação
Para acessar o mercado externo, os pecuaristas devem cumprir exigências sanitárias regulamentadas pelo Mapa, como o registro no Serviço de Inspeção Federal (SIF), que atesta a regularidade sanitária e legal do processo de produção. 

Atualmente, mais de 3.200 estabelecimentos estão registrados no SIF e habilitados para exportação.

CNA propõe rastreabilidade voluntária
Em agosto, a rastreabilidade individual de bovinos e bubalinos foi mais uma vez pauta da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Diante da necessidade de qualificar a rastreabilidade para fins sanitários, a CNA, junto às federações estaduais de agricultura, elaborou uma proposta de um sistema voluntário com um prazo mínimo de 8 anos para adaptação dos produtores rurais.

A proposta de rastreabilidade individual já foi protocolada no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) pela CNA. Segundo a entidade, o Brasil já possui um sistema de identificação individual, o Sisbov, mas a qualificação da rastreabilidade para fins sanitários é essencial.

Em maio, o Mapa criou um Grupo de Trabalho de Rastreabilidade para subsidiar a elaboração de um plano estratégico para a implementação da política pública. O grupo, com caráter consultivo, terá duração de 60 dias e é composto pelas principais entidades do setor.

“Ao longo das reuniões, discutimos a numeração oficial a ser utilizada pelos produtores, os elementos de identificação, o sistema, a gestão da base de dados, as informações a serem inseridas e o cronograma de implementação”, afirmou Rafael Ribeiro, assessor técnico da CNA na época..

Apesar de a CNA ter solicitado a adesão voluntária ao sistema, o Ministério da Agricultura definiu a obrigatoriedade em nível nacional, com um prazo de transição de oito anos. 

O debate sobre rastreabilidade é antigo e envolve diversas partes. Embora consensos tenham surgido, permanecem questões fundamentais a serem resolvidas, como o momento em que o animal passará a ser rastreado, a obrigatoriedade ou voluntariedade do rastreamento, a abrangência para todos os criadores ou apenas para parte deles, e os mecanismos de rastreabilidade a serem adotados.

Por redação | Agrofy News

Fonte: Agrofy News

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