Sinais do período seco para melhor desempenho da lactação

Publicado no dia 25/10/2024 às 16h45min
Por décadas, pesquisas sobre produção de leite e práticas de manejo convencional indicaram que 60 dias era o padrão ideal para o período seco entre lactações.

Por décadas, pesquisas sobre produção de leite e práticas de manejo convencional indicaram que 60 dias era o padrão ideal para o período seco entre lactações.

No entanto, Barry Bradford, professor de Gestão e Nutrição de Gado Leiteiro na Universidade Estadual de Michigan, decidiu desafiar esse padrão tradicional, apoiado por dois argumentos em relação aos dados de pesquisa que fundamentaram essa recomendação:

Os períodos secos curtos em muitos desses estudos foram não planejados e provavelmente compostos, em sua maioria, por vacas que pariram precocemente por vários motivos; e

A sugestão de que períodos secos longos resultam em menor produção de leite pode estar baseada em uma correlação falsa entre os dois fatores. A baixa produção de leite costuma ser a causa de um encerramento antecipado da lactação. Portanto, os dados de estudos antigos sobre períodos secos longos provavelmente se baseavam em vacas que já eram, em geral, de menor produção.

No 2024 Western Canadian Dairy Seminar, Bradford apresentou os resultados de um estudo que ele liderou para examinar essas questões sob uma nova perspectiva.

Bradford e sua equipe realizaram uma nova análise de dados sobre a duração da gestação e do período seco, removendo esses vieses. Além disso, foram considerados variáveis como a duração da lactação anterior e a produção de leite e seus componentes ao longo das lactações. Eles avaliaram um conjunto de dados de 16 rebanhos leiteiros dos EUA, totalizando 32.182 registros de lactação.

Eles levantaram a hipótese de que vacas com um período seco que se desviou do planejado, devido a gestações biologicamente mais curtas ou mais longas, teriam impactos mais severos na produtividade em comparação com vacas com variações no período seco intencionais por manejo.

A análise desses registros resultou nas seguintes conclusões:

A duração da gestação mais curta é o principal contribuinte para o desempenho ruim na lactação seguinte. Em outras palavras, o parto precoce – que cria um período seco mais curto – está associado a piores resultados do que o próprio período seco.

Há pouca ou nenhuma evidência de impactos negativos de períodos secos moderadamente curtos (40-50 dias), quando a duração da gestação é normal.

Vacas com maior potencial de produção (por exemplo, aquelas com maior produção de leite na lactação anterior) foram mais negativamente afetadas pela gestação curta.

Gerenciar períodos secos mais curtos (por exemplo, 45 dias versus 60) parece ser viável, com algumas ressalvas. Vacas que encerraram a lactação com alta produção de leite parecem se beneficiar mais de um período seco completo. E vacas com períodos secos curtos e uma gestação de duração média tiveram, em média, maior contagem de células somáticas no primeiro teste.

Vacas com lactações longas seguidas por períodos secos longos estão em maior risco de serem descartadas após o parto, provavelmente devido a problemas metabólicos. Essas vacas tiveram uma taxa de descarte 24% maior em comparação com a população de referência.

O grupo com períodos secos longos também apresentou maiores razões gordura:proteína no início da lactação e essas foram ainda mais acentuadas em vacas que tiveram tanto uma lactação anterior longa quanto um período seco longo. Bradford afirmou que esses dados indicam claramente um subconjunto de vacas com ECC muito alto e excesso de gordura corporal antes do parto, resultando em mobilização excessiva de gordura corporal, baixa fertilidade e maior taxa de descarte.

Bradford afirmou que, como as vacas de alta produção tendem a se beneficiar mais de um período seco completo, "adiar o encerramento da lactação por preocupações com vacas que estão produzindo muito leite pode ser contraproducente".

Por fim, uma conclusão bastante convincente foi que as vacas Holandesas modernas têm uma duração média de gestação em torno de 276 dias, vários dias a menos do que as referências atuais geralmente sugerem.

 

As informações são do Dairy Herd Management, traduzidas pelas equipe MilkPoint.

Fonte: MilkPoint

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