Os 3 principais vilões do consumo de energia de vacas leiteiras
Salfer destacou que minimizar a perda de energia nas vacas traz benefícios duplos, tanto para a operação leiteira quanto para o meio ambiente.
Com a alimentação das vacas representando o maior custo para a maioria das propriedades leiteiras e sem perspectiva de alívio nos preços dos alimentos, a utilização eficiente dos ingredientes de ração é uma prioridade para a sustentabilidade das fazendas leiteiras, de acordo com Isaac Salfer, Professor Assistente de Nutrição de Gado Leiteiro na Universidade de Minnesota.
"A métrica mais importante para determinar a eficiência alimentar de toda a fazenda é o custo da alimentação por cada 100 quilos de leite vendidos, corrigido por energia", afirmou Salfer.
Em uma publicação recente, ele citou dados que mostraram que as 10% das fazendas leiteiras mais lucrativas em Minnesota em termos de retorno líquido gastaram 60% do valor em alimentação por cada 100 quilos de leite (US$ 21,12) que as 10% menos lucrativas, que gastaram US$ 34,41 por 100 quilos.
Salfer disse que a perda direta de alimentos – devido a fatores como perdas no armazenamento e rejeições – é um dos dois principais fatores que afetam a eficiência alimentar da fazenda como um todo. O outro é a eficiência digestiva e metabólica da própria vaca. Ele identificou os seguintes fatores que contribuem para as perdas de energia desperdiçada em processos que não envolvem a produção de leite:
1. Perdas fecais e urinárias – Salfer explicou que as perdas de energia fecal ocorrem devido à digestão inadequada dos alimentos, processamento inadequado da ração, formulação incorreta das dietas e/ou à oferta de alimentos de baixa digestibilidade em grandes quantidades. A eficiência digestiva também pode ser prejudicada por uma má gestão da alimentação, baixa frequência alimentar, estresse térmico, doenças, má qualidade da água e até mesmo ruído. O excesso de proteína na dieta pode aumentar a perda de energia na urina, já que mais energia é necessária para excretar o nitrogênio em excesso.
2. Emissões de gases – A fermentação ruminal gera subprodutos como metano, dióxido de carbono e outros gases que são eliminados pela vaca e perdidos para o meio ambiente.
3. Perda de energia térmica – A fermentação ruminal também gera calor, assim como o metabolismo durante a utilização de nutrientes no processo digestivo. "A quantidade total de calor que um animal perde pode ser reduzida diminuindo o número total de reações químicas – especialmente as reações ‘desperdiçadas’ no processo digestivo", afirmou ele. Ele destacou que aditivos alimentares, como ionóforos, podem ajudar a minimizar processos digestivos ineficientes. A redução do estresse também pode diminuir a perda de energia térmica, já que qualquer ativação do sistema imunológico, desencadeada por fatores como estresse térmico e metabólico, resulta no consumo de energia sem retorno produtivo.
Salfer destacou que minimizar a perda de energia nas vacas traz benefícios duplos, tanto para a operação leiteira quanto para o meio ambiente. O equilíbrio estratégico de proteínas – e, mais precisamente, de aminoácidos específicos – pode reduzir os custos com alimentação e, ao mesmo tempo, diminuir a carga de nitrogênio no ambiente. A redução das emissões de gases tem recebido muita atenção recentemente por razões ambientais. "Mas também beneficia os produtores, pois os gases podem representar uma perda de até 10% da energia total dos alimentos", explicou Salfer.
Reduzir as emissões de metano sem impactar negativamente o crescimento microbiano ruminal é uma tarefa delicada, segundo Salfer. Ele disse que a maioria das abordagens baseadas na dieta para reduzir o metano foca em aumentar a concentração do ácido graxo volátil propionato, porque o propionato consome hidrogênio que, de outra forma, alimentaria a produção de metano.
Por fim, Salfer afirmou que o aumento da produção de leite pode promover a eficiência alimentar, mesmo que exija mais alimento. As vacas em lactação precisam de cerca de 6,35 a 7,26 kg de matéria seca para funções básicas de manutenção, como respiração, contração muscular, digestão e produção de hormônios. "Como as necessidades de energia para manutenção são fixas, o aumento da produção de leite diminui a porcentagem da energia ingerida usada para funções de manutenção em comparação com a produção de leite, mesmo que o consumo total de alimentos aumente", explicou Salfer.
As informações são do Dairy Herd Management, traduzidas pela equipe MilkPoint.