Quase um terço das fazendas de gado capturam mais CO2 do que emitem, diz FGV
Média das propriedades emite 0,53 toneladas de CO2 equivalente por hectare
Um estudo recente revelou que 31% das fazendas de gado no Brasil conseguiram capturar mais gases de efeito estufa (GEE) do que emitiram.
O levantamento, que avaliou a sustentabilidade das fazendas fornecedoras da JBS, identificou um avanço significativo nas práticas de manejo e recuperação de pastagens, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.
De acordo com os pesquisadores, o estudo monitorou 103 fazendas localizadas em diversas regiões do Brasil, usando o GHG Protocol, um padrão internacional para medir as emissões de carbono.
A pesquisa foi conduzida pelo Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da FGV (OCBio/FGV), em parceria com a consultoria Fauna Projetos, o Instituto Inttegra e a JBS.
Os resultados mostraram que as propriedades que implementaram práticas sustentáveis, como a recuperação de pastagens degradadas e o manejo adequado do solo, tiveram um impacto positivo no balanço de carbono, ajudando a sequestrar CO�?? da atmosfera.
Elas fazem parte do programa Fazenda Nota 10 (FN10), lançado em 2017, que tem como objetivo aumentar a produtividade, rentabilidade e sustentabilidade das fazendas de corte, oferecendo ferramentas de gestão que permitem monitorar indicadores-chave, incluindo emissões de GEE.
A iniciativa promovida pela JBS busca replicar as melhores práticas nas propriedades emissoras, visando transformar a pecuária brasileira em um setor neutro em carbono.
Emissões médias
Os dados mostram que, embora a média das fazendas estudadas tenha registrado emissões de 0,53 toneladas de CO�?? equivalente por hectare, 31% delas apresentaram remoções superiores às emissões.
Isso destaca o papel que as práticas de manejo regenerativo podem desempenhar na redução do impacto ambiental da pecuária, especialmente em um setor frequentemente criticado por suas emissões de metano e óxido nitroso.
Ainda assim, o estudo aponta desafios. Cerca de 24% das fazendas analisadas emitiram mais de 1,4 toneladas de CO�?? equivalente por hectare, com algumas propriedades chegando a emitir até 80 toneladas por hectare. Essas emissões elevadas foram observadas em fazendas com práticas de manejo inadequadas e pouca conservação do solo.
As práticas que mais contribuíram para redução das emissões estão a eliminação do desmatamento e a recuperação de áreas de pastagem degradadas.
Além disso, as fazendas mais eficientes na gestão de suas pastagens e na redução da idade de abate dos animais emitiram 46% menos GEE por tonelada de carcaça produzida do que as propriedades menos eficientes.
Net zero
Os responsáveis pelo estudo destacaram que, para que mais fazendas alcancem o status de "net zero", ou seja, emissão líquida zero de carbono, é crucial continuar incentivando a adoção de boas práticas agrícolas e a implementação de tecnologias que promovam a regeneração ambiental.
"As fazendas que investem na recuperação de pastagens, manejo de solo e eliminação do desmatamento têm não só um impacto positivo no meio ambiente, mas também na qualidade da carne produzida", ressaltam os autores.
Além de melhorar o balanço de carbono, essas práticas têm sido essenciais para aumentar a eficiência produtiva das fazendas, contribuindo para uma maior competitividade do setor pecuário brasileiro no cenário global.
O Brasil consolidou-se como o maior exportador mundial de carne bovina em 2023, com a atividade desempenhando um papel central tanto na economia quanto nos debates ambientais.
O estudo conclui que a pecuária brasileira tem grande potencial para contribuir com a mitigação das mudanças climáticas, desde que continue avançando na implementação de práticas sustentáveis.
Daniel Azevedo Duarte
Agrofy News
Editor-chefe do Agrofy News Brasil