Quase um terço das fazendas de gado capturam mais CO2 do que emitem, diz FGV

Publicado no dia 09/10/2024 às 17h39min
Média das propriedades emite 0,53 toneladas de CO2 equivalente por hectare

Um estudo recente revelou que 31% das fazendas de gado no Brasil conseguiram capturar mais gases de efeito estufa (GEE) do que emitiram. 

O levantamento, que avaliou a sustentabilidade das fazendas fornecedoras da JBS, identificou um avanço significativo nas práticas de manejo e recuperação de pastagens, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.

De acordo com os pesquisadores, o estudo monitorou 103 fazendas localizadas em diversas regiões do Brasil, usando o GHG Protocol, um padrão internacional para medir as emissões de carbono. 

A pesquisa foi conduzida pelo Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da FGV (OCBio/FGV), em parceria com a consultoria Fauna Projetos, o Instituto Inttegra e a JBS.

Os resultados mostraram que as propriedades que implementaram práticas sustentáveis, como a recuperação de pastagens degradadas e o manejo adequado do solo, tiveram um impacto positivo no balanço de carbono, ajudando a sequestrar CO�?? da atmosfera.

Elas fazem parte do programa Fazenda Nota 10 (FN10), lançado em 2017, que tem como objetivo aumentar a produtividade, rentabilidade e sustentabilidade das fazendas de corte, oferecendo ferramentas de gestão que permitem monitorar indicadores-chave, incluindo emissões de GEE. 

A iniciativa promovida pela JBS busca replicar as melhores práticas nas propriedades emissoras, visando transformar a pecuária brasileira em um setor neutro em carbono.

Emissões médias
Os dados mostram que, embora a média das fazendas estudadas tenha registrado emissões de 0,53 toneladas de CO�?? equivalente por hectare, 31% delas apresentaram remoções superiores às emissões. 

Isso destaca o papel que as práticas de manejo regenerativo podem desempenhar na redução do impacto ambiental da pecuária, especialmente em um setor frequentemente criticado por suas emissões de metano e óxido nitroso.

Ainda assim, o estudo aponta desafios. Cerca de 24% das fazendas analisadas emitiram mais de 1,4 toneladas de CO�?? equivalente por hectare, com algumas propriedades chegando a emitir até 80 toneladas por hectare. Essas emissões elevadas foram observadas em fazendas com práticas de manejo inadequadas e pouca conservação do solo.

As práticas que mais contribuíram para redução das emissões estão a eliminação do desmatamento e a recuperação de áreas de pastagem degradadas. 

Além disso, as fazendas mais eficientes na gestão de suas pastagens e na redução da idade de abate dos animais emitiram 46% menos GEE por tonelada de carcaça produzida do que as propriedades menos eficientes.

Net zero
Os responsáveis pelo estudo destacaram que, para que mais fazendas alcancem o status de "net zero", ou seja, emissão líquida zero de carbono, é crucial continuar incentivando a adoção de boas práticas agrícolas e a implementação de tecnologias que promovam a regeneração ambiental. 

"As fazendas que investem na recuperação de pastagens, manejo de solo e eliminação do desmatamento têm não só um impacto positivo no meio ambiente, mas também na qualidade da carne produzida", ressaltam os autores.

Além de melhorar o balanço de carbono, essas práticas têm sido essenciais para aumentar a eficiência produtiva das fazendas, contribuindo para uma maior competitividade do setor pecuário brasileiro no cenário global. 

O Brasil consolidou-se como o maior exportador mundial de carne bovina em 2023, com a atividade desempenhando um papel central tanto na economia quanto nos debates ambientais.

O estudo conclui que a pecuária brasileira tem grande potencial para contribuir com a mitigação das mudanças climáticas, desde que continue avançando na implementação de práticas sustentáveis. 

Daniel Azevedo Duarte
Agrofy News
Editor-chefe do Agrofy News Brasil

Fonte: Agrofy News

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